Se você se apaixonou pela 1ª temporada de Bridgerton, a atmosfera gostosa da fofoca com direto a escândalos, cenários e figurinos de época e, é claro, os personagens envolventes, prepare-se para se encantar ainda mais com a 2ª temporada que foca em um novo membro da família protagonista que baterá de frente com o amor e a razão.
A 2ª temporada de Bridgerton tem como prioridade contar a história de Anthony Bridgerton, visconde e irmão mais velho da família e sua jornada para encontrar uma esposa adequada. Junto a este arco, a série apresenta novos personagens que cativam o espectador de imediato, sem deixar de lado o elenco já apresentado na temporada anterior, que ganha um espaço maior nestes novos episódios, trazendo novas informações, ditando novos passos a cada um deles, além de novas descobertas, escândalos e ganchos imperdíveis para a 3ª e 4ª temporadas já confirmadas pela Netflix.
******CONTÊM SPOILERS******
O Pipoca na Madrugada teve acesso a 2ª temporada Bridgerton antes da estreia e pode confirmar que os fãs irão se deliciar com os rumos tomados neste novo ano da série. É tudo perfeito? Não, pois há pequenas observações a se fazer, porém, o ponto forte de Bridgerton está no desenvolvimento dos personagens e a forma como cada um conquista em suas subtramas, especialmente com o romance e a química fortíssima de Anthony e Kate.
Desde já, é importante ressaltar que a 2ª temporada é baseada no segundo livro da saga Os Bridgertons: O Visconde Que Me Amava. Obviamente, caso tenha lido a obra, as comparações serão feitas automaticamente. No meu caso, ainda estou lendo o livro, mas posso dizer que muitas mudanças foram feitas justamente para se adequar à adaptação. Por se tratar de uma série, a história enaltece os protagonistas da vez, mas não deixa de lado nenhum outro personagem apresentado na temporada anterior, mesmo que sua aparição seja branda na obra original.
Bridgerton: crítica da 1ª temporada
Tais escolhas são feitas com o objetivo de não deixar nenhum personagem de escanteio, uma vez que já conquistaram o público na estreia da série. Por exemplo, como deixar de falar de Eloise e Penelope nesta nova temporada, personagens extremamente cativantes e de peso na história? Entendem o meu ponto de vista? Sendo assim, cada um tem o seu espaço merecido, sendo que alguns ganham um enredo um pouco mais forte que os outros. Explicarei isso mais a frente.
Irmãs Sharma: fidelidade ou rivalidade?
Bridgerton apresenta nesta 2ª temporada as novas personagens Kate e Edwina, vindas da Índia para participar da nova temporada de bailes em Londres, ficando sob o teto e os cuidados de Lady Danbury (Adjoa Andoh). Kate é meia-irmã de Edwina, filha do primeiro casamento do pai que, agora, casou com Mary (Shelley Conn), sua madrasta. Porém, Kate sempre fora tratada como filha de sangue, sem distinções entre as irmãs, o que torna este laço fraternal ainda mais forte.
Com a perda do pai e o luto da madrasta, Kate (Simone Ashley) toma as rédeas da família e promete cuidar da irmã, garantindo um excelente casamento a ela. No entanto, a primogênita carrega o segredo da herança da família Sheffield, que se distanciou por ter sido contra o casamento de Mary, um fato que pode prejudicar o destino de todas, especialmente de Edwina, se a verdade vir à tona.
Todos estes detalhes são bem desenvolvidos na temporada cujas reviravoltas acontecem nos momentos ideais, tornando-se um ponto positivo ao enredo, mas também criando dúvidas com relação às atitudes dos personagens envolvidos.
Com os traumas e a dor da perda, Kate se abdica da sua felicidade e de seu futuro matrimônio para garantir um futuro brilhante à irmã, colocando o amor acima de tudo para ela, o que faz a protagonista criar uma atmosfera de conto de fadas que alimenta as ilusões de Edwina e, consequentemente, também se torna um obstáculo que pode machucar.
Já Edwina (Charithra Chandran) é uma personagem extremamente encantadora e perfeita aos olhos de todos, não é à toa que é intitulada o ‘Diamente Bruto’ pelo olhar da rainha Charlotte (Golda Rosheuvel), que a vê como um grande desafio para ser o maior destaque da temporada de bailes e, assim, calar as fofocas espalhadas por Lady Whistledown, cuja identidade a ser descoberta se torna o maior objetivo da rainha.
A química das irmãs é forte e muito bem desenvolvida na série, mas sofrerá abalos com a chegada de Anthony, que deseja tornar Edwina em sua esposa adequada, mas o amor falará mais alto entre ele e a irmã mais velha. Claro que Kate jamais prejudicaria a felicidade da irmã propositalmente, mas o fato dela calar os seus sentimentos e abrir mão da sua paixão – camuflada pelo ódio que sente por Anthony – faz com que ela erre em diversas ocasiões com Edwina que, involuntariamente, é colocada em uma posição desfavorável em que todos percebem o que realmente está acontecendo, enquanto ela é a última a perceber. Por mais inocente que seja, Edwina mostra uma maturidade forte e engrandecedora nesta temporada de Bridgerton, especialmente no instante em que precisa lidar com os segredos revelados e o amor entre a irmã e Anthony. Está aí uma personagem que surpreende bastante o espectador na série.
Passado dos Bridgerton
Outro detalhe da obra original que ganha um ótimo desenvolvimento na adaptação é o passado trágico que afetou toda a família Bridgerton, especialmente Anthony. A morte do patriarca Edmund Bridgerton choca a todos justamente por ele ter sido picado por uma abelha e perdido a vida em segundos nos braços de Anthony, deixando o primogênito atônito, enquanto a matriarca Violet (Ruth Gemmell) entra em estado profundo de dor e depressão, sem saber como lidar daqui para frente sem o grande amor de sua vida.
Por conta desta grande perda, o público passa a entender a razão que leva o Anthony a se tornar uma pessoa avessa ao amor, uma vez que ele não quer que sua futura parceira passe o que a mãe passou e vice-versa. Além disso, Anthony precisou tomar todas as responsabilidades para si ainda muito jovem, o que faz o espectador compreender o amor incondicional que tem à família, abrindo mão de tudo em nome da felicidade dos irmãos e irmãs.
É por conta deste passado traumatizante que vemos um Anthony fechado às alegrias e aberto à libertinagem com o intuito de não se afeiçoar a ninguém, uma virada de chave que acontece quando ele conhece Kate, que faz ele sentir um borbulho de emoções deixando-o dividido entre seguir o seu plano de encontrar uma esposa perfeita, mas sem o verdadeiro amor; ou finalmente se deixar levar por este romance que fica cada vez mais forte.
Crítica – Ambulância: Um Dia de Crime
Aliás, percebo que os fãs da história criada pela autora Julia Quinn enaltecem muito o símbolo da abelha ao se referir ao casal protagonista do segundo livro. No entanto, é a abelha quem foi a grande causadora do maior trauma da família Bridgerton (matou o patriarca), então qual a razão de colocar este inseto como referência amorosa? É apenas uma observação minha na qual eu torço o nariz.
Kate e Anthony
Sem dúvidas, a 2ª temporada de Bridgerton é carregada pelo casal protagonista Kate e Anthony e os fãs não poderiam ficar mais satisfeitos. A atriz Simone Ashley faz jus à personagem em sua irreverência, teimosia, orgulho e ousadia. Kate sabe se impor, não abaixa a cabeça, ao mesmo tempo quando sabe a hora de se calar, não aceita ordens de segundos e terceiros que não sejam próximos a ela, além de todo o seu histórico (já explicado) que complementa a sua personalidade extremamente forte. O ator Jonathan Bailey já havia conquistado o público na 1ª temporada, mas agora, fará todos se apaixonarem de vez por Anthony e toda a sua caminhada rumo ao amor.
Se tem uma coisa que a 2ª temporada de Bridgerton soube fazer foi trabalhar a química dos atores e de seus personagens de uma forma avassaladora em detalhes sutis que ganham uma profundidade arrebatadora. A troca de olhares penetrantes entre Kate e Anthony, os toques, a aproximação entre os corpos e rostos intensifica a tensão sexual entre os dois, um detalhe que fica extremamente explícito em cada episódio, fazendo o espectador torcer cada vez mais por eles a todo instante.
O desejo fortíssimo entre os protagonistas ganha uma excelente crescente por conta das trocas de indiretas e farpas camufladas por um ódio que um tem pelo outro, o que faz a paixão surgir transcendendo para o amor que ambos tentam negar a todo custo.
No entanto, por mais que a química de Kate e Anthony seja de grande excelência, Bridgerton acaba falhando por estender esta expectativa mais do que o necessário, uma vez que o os protagonistas dão o primeiro beijo apenas no 6º episódio, resultando no famoso ‘final feliz’ apenas no último episódio, o que deixa esta sensação gostosa a se desfrutar de forma muito corriqueira. Gostaria que a série tivesse explorado a declaração de amor dos dois um pouco mais cedo, mas ainda assim, a história não é diminuída por conta disso.
Matrimônio escandaloso
Uma sequência que, talvez, possa dividir opiniões é o fato de Bridgerton deixar chegar ao ponto em que Anthony pede Edwina em casamento. Não sei se isso acontece no livro, porém o pedido é feito no último minuto, uma cena que achei de mau gosto por deixar claro que Anthony não fazia por amor, apenas para seguir com o plano, machucar Kate e ainda iludir a inocente noiva.
A cena do casamento traz ótimas reviravoltas, como o fato de Edwina descobrir sobre o amor entre Kate e Anthony e saber lidar com esta situação com maturidade, sem deixar de expor a mágoa pelos erros cometidos pela irmã. Se a personagem não te conquistou antes, ela irá te conquistar agora com a forma como lida com esta situação sem abaixar a cabeça.
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Por se passar nos anos 1800, o cancelamento de um casamento torna-se um grande escândalo – com ênfase dada por Lady Whistledown – deixando as famílias Bridgerton e Sharma com uma mancha na sociedade, um ponto que a série faz questão de mostrar como eles conseguem dar a volta por cima com destreza.
Final feliz para todos?
Apesar de ter 70 minutos, o último episódio é marcado pelo baile da família Featherington com novos escândalos, descobertas, mágoas, brigas e, finalmente, o tão esperado final feliz de Anthony e Kate. Gostaria que a série não tivesse deixado tudo para última hora e mostrasse o casamento dos dois, o que não foi o caso, mas vê-los juntos, felizes e bem casados deixa os corações dos fãs de Bridgerton bem satisfeitos.
Eloise e Penelope
Outras duas personagens que ganham um arco maior e forte nesta 2ª temporada – juntas e separadas – são Eloise e Penelope. Logo no primeiro episódio, o público acompanha Eloise (Claudia Jessie) pronta para debutar em frente à Rainha, o que a deixa nervosa, uma vez que casamento não é o seu objetivo, o que a faz tomar rumos interessantes ao mergulhar em assuntos feministas, acadêmicos e intelectuais e se aproximar de pessoas diferentes do seu círculo social.
Além disso, a obsessão em descobrir a identidade de Lady Whistledown faz Eloise chegar perto da verdade, além de conhecer Theo Sharpe (Calam Lynch), o rapaz que trabalha na tipografia onde os artigos de Whistledown são impressos. A aproximação dos dois não só desperta a sede em aprender e debater mais sobre as mudanças a serem feitas na sociedade, como também acende uma chama pequena em Eloise. Será que ela pode ter um interesse amoroso por Theo?
Do outro lado, temos Penelope (Nichola Coughlan) que precisa lidar com o aumento da visibilidade de Lady Whistledown na sociedade, a perseguição da Rainha em descobrir a identidade da fofoqueira a qualquer custo, as artimanhas de sua mãe Portia (Polly Walker) para garantir o futuro da família após a morte do pai e com a chegada do novo Lord Featherington, além do retorno de Colin e o amor que ela ainda nutre por ele.
Infelizmente, o final da temporada é marcado pela briga entre Eloise e Penelope ao descobrir que a amiga é quem esta por trás dos artigos, inclusive o último que expôs o segredo de Eloise e sua aproximação com Theo, o que a deixa extremamente magoada com a traição de Penelope e o fato dela ter sido acusada pela Rainha de ser a escritora, colocando um fim brusco nesta amizade. A cena da briga é um dos momentos mais tristes e cortantes do último episódio, na minha opinião. Mas espero que elas façam as pazes na 3ª temporada.
Benedict e Colin
Benedict e Colin são outros personagens que cativaram os fãs na 1ª temporada de Bridgerton e, claramente, não poderiam ficar de fora dos novos episódios, mesmo ganhando um desenvolvimento mais brando e arcos um pouco mais superficiais.
Apaixonado por pinturas e quadros, Benedict (Luke Thompson) se candidata a vaga em uma renomada escola de arte de Londres e fica feliz ao descobrir que foi aceito. As participações nas aulas e influências artísticas fazem o personagem abrir mais a mente ao mundo e às novas experiências, o que rende cenas engraçadas como a do jantar em que ele fica dopado com o chá especial feito por Colin. Além disso, continuo gostando da cumplicidade que ele tem com Eloise, os sentimentos e conflitos quem ambos têm em comum com relação ao espaço que desejam conquistar na sociedade.
No entanto, a grande decepção de Benedict vem ao descobrir que a vaga na escola foi garantida com a doação feita por Anthony, que reforça a admiração que ele tem pelos sonhos e o talento do irmão. Porém, o fato de não ter conquistado tal feito por mérito, faz Benedict se afastar da sua paixão pela arte. Acredito que a 3ª temporada será focada neste personagem e veremos quais serão os seus próximos passos, se ele vai voltar ao mundo da arte, além de encontrar o seu verdadeiro amor.
Já Colin (Luke Newton) continua com um arco satisfatório, mas nada grandioso. Após sua despedida no final da 1ª temporada, ele retorna de uma longa viagem pela Europa, carregado de histórias e aventuras, mas também de reflexões sobre o que ele deseja fazer e quem ele quer se tornar daqui para frente.
Para dar estes passos, Colin vista a Sra. Thompson, já que a relação dos dois não terminou agradavelmente por conta do escândalo da gravidez de Marina. Mesmo com algumas palavras duras por parte da personagem, a conversa serviu para colocar um ponto final nesta história para que, assim, Colin siga em frente.
Com isso, ele mergulha de cabeça no que quer fazer da vida e até chega a investir nos negócios do novo Lord Featherington. Por sorte, Colin não cai em uma enrascada maior por descobrir a tempo sobre a falcatrua do Lord. Assim, ele expõe as negociações sujas e exige que o rapaz saia da cidade, uma vez que a família não merece passar por esta vergonha, especialmente a Penelope.
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Aliás, ainda está difícil para os fãs torcer para Colin e Penelope, já que ele a coloca na ‘friendzone’. No entanto, no baile do último episódio, Colin acaba pisando na bola ao dizer aos demais rapazes que jamais cortejaria Penelope, caindo em seus ouvidos e deixando a garota ainda mais magoada, após a briga com Eloise. O fato é que Colin é um personagem com muito potencial, mas por enquanto, ele dá um passo certo para frente e dois errados para trás. Espero que ele progrida mais e melhor na 3ª temporada.
Considerações finais
Bridgerton acerta novamente em uma 2ª temporada ainda mais apaixonante, com destaque para Kate e Anthony cuja química é invejável, forte e sensual que faz o público torcer por eles do início ao fim. Apesar de algumas ressalvas apontadas no texto, a série retorna com episódios longos, ótimos e nada cansativos, deixando um saldo positivo aos olhos do espectador, especialmente para quem é fã da saga de Julia Quinn.
E aí, o que acharam da 2ª temporada de Bridgerton?
Ficha Técnica
Bridgerton
Criação e produção: Chris Van Dusen, Shonda Rhimes, Betsy Beers
Adaptação dos livros de Julia Quinn
Elenco: Jonathan Bailey, Simone Ashley, Charithra Chandran, Nicola Coughlan, Adjoa Andoh, Lorraine Ashbourn, Harriet Cains, Bessie Carter, Shelley Conn, Phoebe Dynevor, Ruth Gemmell, Florence Hunt, Martins Imhangbe, Claudia Jessie, Calam Lynch, Luke Newton, Golda Rosheuvel, Luke Thompson, Will Tilston, Polly Walker, Rupert Young e Julie Andrews.
Duração: 2ª temporada (8 episódios 1h aprox.)
Nota: 4,0/5,0