Um dos motivos que pode levar o público a assistir Cópias – De Volta à Vida (Replicas) é o nome de peso Keanu Reeves. Do gênero sci-fi, o filme apresenta uma premissa interessante, mas que carece de um embasamento sólido para o desenvolvimento da história, pincelando temáticas boas e evitando de aprofundá-las.
Dirigido por Jeffrey Nachmanoff, a trama acompanha Will Foster, um cientista que trabalha com experimentos de transferir a mente humana para outros corpos. Para dar continuidade neste grande trabalho, ele faz toda sua família mudar a vida radicalmente. Durante um passeio, um grave acidente faz Will perder sua esposa e seus três filhos. Imediatamente, ele não hesita em aplicar seus conhecimentos para fazer a transferência da consciência de todos para novos corpos. Ao lado do colega de trabalho, Ed, Will faz réplicas dos entes queridos, gerando uma cadeia de conflitos, desafios morais, interferências das autoridades e seus obscuros empregadores.
O filme apresenta uma trama atrativa que vai perdendo força por não saber explorar pontos essenciais que tinham tudo para fazer a história render mais. Com um primeiro ato bem ágil, o filme apresenta o protagonista e sua família, introduz o seu trabalho e, repentinamente, já temos o plot twist da perda dos personagens, um fator que deveria mexer bastante com a personalidade de Will, mas isso não fica muito bem posicionado.
Assim que o acidente ocorre, o personagem já entra em ação para iniciar o procedimento das réplicas e transferência das mentes, sem criar uma atmosfera de luto, raiva, ou uma possível rejeição dessa atitude. Tal ponto é até retomado um pouco mais frente, mas dá a sensação de que algo está faltando ou não foi bem desenvolvido.
Outro ponto que o filme peca é a carência de um embasamento científico sobre o trabalho de Will. A premissa se torna forte uma vez que se propõe a falar da mente humana, a conexão do cérebro e o corpo, a transferência da consciência para outro ‘depósito desconhecido’, um assunto repleto de riquezas a serem exploradas. Juntamente com o lado emocional do protagonista, o roteiro tinha a chance de fazer um bom embate entre a emoção e a razão; a ciência e a religião, já que Will “brinca de ser Deus” ao clonar pessoas perfeitas, isso sem contar com a possibilidade de um gancho para criar uma atmosfera de suspense, já que sua família é igual, porém poderia apresentar defeitos, problemas de memória, falha no reconhecimento do corpo, entre outros tipos de sequelas. O roteiro até pincela alguns desses pontos, como por exemplo, a dificuldade de Will ao escolher quem ele irá replicar (um ponto muito bom, por sinal), dúvidas que geram na cabeça de Mona ao perceber que há algo de diferente em seu corpo e que há espaços escuros em sua memória, já que ela não se lembra do que jantou no dia anterior, muito menos de um nome que martela na sua consciência constantemente. Acredito que esses conflitos poderiam ser melhores desenvolvidos, fugindo da famosa zona superficial.
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O terceiro ato até o final torna-se mais fraco ao apresentar uma reviravolta instigante, mas que perde o entusiasmo ao entregar um antagonista nada envolvente e com um propósito bem sem graça. Isso envolve também um robô que torna tudo a trama ainda mais estranha.
Como disse, o filme pode chamar a atenção pelo fato de Keanu Reeves estar no elenco que, por sinal, entrega um protagonista que segura as pontas até onde consegue. Thomas Middleditch faz uma boa parceria com Reeves na tela e entrega um plot satisfatório. Alice Eve está razoável por ter uma personagem que tinha muito o que mostrar e, infelizmente, é mal explorada.
Considerações finais
Cópias – De Volta à Vida tem uma boa premissa e um ótimo protagonista, mas carece de uma boa contextualização para fortalecer melhor a trama, além de explorar pontos muito interessantes como escolha, luto, consciência humana, razão e emoção. Ainda assim, vale a pena ver pelo Keanu Reeves. Só.
Ficha Técnica
Cópias – De Volta à Vida
Direção: Jeffrey Nachmanoff
Elenco: Keanu Reeves, Alice Eve, Thomas Middleditch, John Ortiz, Emjay Anthony, Emily Alyn Lind, Aria Lyric Leabu, Nyasha Hatendi e Amber Rivera.
Duração: 1h48min
Nota: 5,5
