A família brasileira mais disfuncional, picareta e divertida volta após 17 anos fora da televisão. Mas desta vez, Sai de Baixo retorna nos cinemas com uma nova aventura, um novo cenário, novos personagens, a mesma essência e os jargões que conquistaram milhares de fãs. Mas, será que vale a pena assistir?

Dirigido por Chris D’Amato, roteirizado por Miguel Falabella e produzido por Daniel Filho (parceria desde os tempos do seriado), o filme acompanha Caco Antibes (Falabella) que, após uma longa temporada na prisão, volta ao Largo do Arouche para descobrir que todos estão realmente falidos. A família foi despejada do apartamento e, como se não bastasse, está morando de favor na casa do porteiro Ribamar (Tom Cavalcante). Como as coisas nunca mudam, não demora muito para Caco meter a família em uma nova roubada. Ao lado de Magda, Ribamar, Vavá, Cassandra e Cibalena, o trambiqueiro usará os seus truques para iniciar um plano a nível internacional, levando todos a uma viagem um tanto quanto improvável.
Sai de Baixo – O Filme mostra como estão os personagens anos após o fim da série, revelando a situação em que cada um se encontra: Magda (Marisa Orth) começa a trabalhar com telemarketing; Vavá (Luis Gustavo) lamenta o fechamento da Vavatour; Cassandra (Aracy Balabanian) reclama sobre a falência da família sem perder a pose de ‘granfina’, Ribamar continua como porteiro do prédio, mas agora está bem casado com Cibalena (Cacau Protásio); Caquinho (Rafael Canedo) cresceu e segue os mesmo passos do pai, em todos os sentidos.

Para fugir do clássico programa de televisão, o filme ganha um novo cenário, revelando que o tradicional apartamento do Arouche será leiloado, o que faz com que os personagens migrem para diferentes ambientações a fim de sair da zona de conforto. A verdade é que por mais que a paisagem mude, a essência continua a mesma, fortalecendo ainda mais o título de maior sucesso da televisão. Mas não se deixe enganar: Sai de Baixo é um filme pura farofa, uma galhofa que entretém do começo ao fim.
Crítica: Alita – Anjo de Combate
Além de divertir, a história trabalha bem a nostalgia e o saudosismo do programa, trazendo os famosos jargões como ‘Cala a boca, Magda’, ‘Aqui ó, farroupilha’, ‘Canguru Perneta’, ‘Eu tenho horror a pobre’, entre outros. Impossível não rir nestes momentos e, para melhorar, o filme trabalha muito bem com a improvisação e quebra da quarta parede, em que é possível notar quando os personagens fogem do roteiro sem perder o ritmo; quando Caco e Ribamar iniciam um diálogo engraçado dentro do ônibus para reclamar sobre a pequena participação de Aracy Balabanian no filme. É simplesmente sensacional, pois são elementos que engrandecem a narrativa sem atrapalhar em nada. Esse é mais um exemplo que prova o sucesso desta história de longa data.

Além da mudança de cenário, a narrativa também foge do padrão sem perder a essência da história que o público conhece. Assim que Caco sai da cadeia, ele inicia um esquema que precisa atravessar o país para entregar algo valioso, em troca de dinheiro, é claro. Ao mesmo tempo, Magda aceita a missão da prima Angelina de transportar algo precioso, sem que ninguém saiba. O casal é manipulado pelo próprio filho que tem conhecimento do que estão fazendo e o que pode acontecer. Tudo complica ainda mais quando Ribamar, Cibalena e a tia do porteiro, Dona Jaula, descobrem tudo e se envolvem em uma arriscada aventura em um ônibus rosa em meio à estrada.

É nessa viagem que o filme aproveita para explorar a personalidade dos personagens e como eles seriam vistos nos dias atuais. Sai de Baixo perderia toda a essência se os encaixassem em um politicamente correto que não condiz com eles. No entanto, o filme faz questão de enfatizar o caráter de cada um com o propósito de não só tirar sarro, mas também de validar que ainda existem pessoas como o Caco Antibes, que alimentam uma grandeza que não existe, odeia pobres, é soberbo e psicótico; Caquinho revela o mesmo comportamento errado que aprendeu com o pai; Magda ainda é vista como a mulher burra, chamada de anta, mas ao mesmo tempo, revela certa evolução na personagem ao se mostrar empoderada (no caso, empoleirada) e não aceitar mais o marido mandar calar a boca; a caricatura de Ribamar e a relação divertida com Cibalena que, por sinal, não é a empregada da família; mesmo em tempos de crise, Cassandra não perde a finesse e nem o poder do laquê fatal; e a preocupação de Vavá com os negócios da família, mesmo que a participação de Luis Gustavo seja mínima.
Há também a introdução de novos personagens como a de Banqueta/Angelina, interpretados por Lucio Mauro Filho, que revela picaretagem e traição dentro da família; e Sunday, papel de Katiuscia Canoro, que agita a vida de Ribamar e Cibalena.
Considerações finais
Entre missões, estrada, brigas, discussões, cenas divertidas, quebra do roteiro e diálogos engraçados, no final das contas tudo dá certo, mas não para todos. Até que passando por situações complicadas como esta, os personagens aprendem algumas lições, o que não significa que eles mudam por completo.
Sai de Baixo – O Filme é um longa nostálgico e saudosista que traz de volta a família disfuncional e divertida em um novo cenário e nova aventura. Mesmo com pequenas mudanças e novas lições, a história e as figuras icônicas mantêm a essência que conquistou milhares de fãs.
É um filme puro entretenimento para matar as saudades dos personagens e também para atrair um novo público a conhecer uma história de longa jornada.
Ficha Técnica
Sai de Baixo – O Filme
Direção: Chris D’Amato
Elenco: Miguel Falabella, Marisa Orth, Tom Cavalcante, Aracy Balabanian, Luis Gustavo, Rafael Canedo, Cacau Protásio, Lúcio Mauro Filho, Katiuscia Canoro e Castrinho.
Nota: 6,8
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