Curte o gênero ‘family movie’? Uma mistura de comédia e drama em situações do cotidiano, sem aprofundar em questões psicológicas ou desdobrar os personagens em camadas. Uma comédia de família leve e espontânea pra você se divertir e entreter. Se você gosta deste estilo, então Um Tio Quase Perfeito é uma boa opção.
Dirigido por Pedro Antonio, o filme conta a história de Tony (Marcus Majella), um malandro que gosta de ganhar dinheiro fácil enganando as pessoas, seja como estátua viva, pastor ou cartomante. Essa vida malandra também é administrada por sua mãe, Cecília (Ana Lucia Torre) que sabe das artimanhas certas para sobreviver. Um dia, após serem despejados do apartamento, eles procuram Angela (Leticia Isnard), outra filha de Cecília e com quem eles não falam há anos. Ela cede ao pedido e deixa o irmão e a mãe morarem debaixo do seu teto. Como ela precisa viajar a trabalho por alguns dias, Tony e Cecília terão que cuidar das crianças Patricia, Bruno e Valentina, que desafiam a paciência e as artimanhas de Tony, mostrando que por debaixo daquela aparência de malandro, existe um tio com defeitos, mas também amoroso e perfeito para esta família.
O roteiro é linear, bem estruturado e sem surpresas. Não é uma comédia escrachada e muito menos vulgar. O seu desenvolvimento caminha para o gênero comédia de situação da qual a maioria irá se identificar. As cenas são espontâneas e os momentos engraçados são naturais, sem forçar a aceitação ou gargalhadas do público.
O grande acerto do filme é retratar situações das quais muitas famílias passam ou já passaram alguma vez na vida. Quem aí nunca brigou com o irmão ou a irmã e ficaram se falar por um tempo? Quem nunca cuidou de algum priminho ou sobrinho e não se deu bem com a criança no começo? Quem aí não se desdobrou para realizar as tarefas da casa enquanto os pais estavam ausentes? Quem aí não teve que lidar com a crise do irmão ou do filho, mesmo sem saber exatamente o que fazer? Essas situações são bem desenvolvidas e fáceis de serem compreendidas uma vez que o diretor não se preocupa em explicar essas situações detalhadamente. Basta um olhar, uma expressão e uma palavra para saber o tipo de tensão que se passa entre os irmãos ou a razão da ausência da figura paterna na vida das três crianças.
Durante a coletiva de imprensa, que aconteceu no dia 12 de junho de 2017, em São Paulo, o diretor Pedro Antonio e a produtora Mariza Leão explicaram que objetivo do filme é fazer o público se divertir e se identificar com essas situações, sem se aprofundar em questões psicológicas ou mostrar camadas mais profundas de cada personagem. Acredito que se a trama fosse por esse caminho, fugiria completamente da proposta de ser um ‘filme família’. Aliás, outro ponto importante a se ressaltar é a ideia de construir um personagem malandro, 171, mas não politicamente incorreto. Ou seja, situações pesadas ou diálogos com palavras de baixo calão estão fora de cogitação.
Marcus Majella é conhecido por interpretar papéis inusitados e extravagantes como no filme e na série Vai Que Cola e nos programas 220 Volts e Ferdinando Show. Em Um Tio Quase Perfeito, o espectador o verá de outro jeito, em uma performance meio malandra, mais dramática e mais contida. Você vai rir e se emocionar com Tony, um sujeito que muda sua visão sobre a vida ao conhecer os sobrinhos de verdade. As cenas em que ele divide com Patricia, Valentina e Bruno irão lembrar filmes como Uma Babá Quase Perfeita e Operação Babá, clássicos da Sessão da Tarde. Isso sem contar nos momentos divertidos em que a criançada vai aprender que se não é “coisa que morre” dá para fazer sem perigo. Porém, as cenas que exigem o lado mais dramático de Majella, a interpretação do ator está um pouco engessada e comedida, o que diminui a emoção proposta naquele instante. Mas é possível relevar.
Ana Lucia Torre está bem no papel de Cecília, uma vovó moderna e esperta que ensina os netos os truques da vida para sobreviver até na cadeia. As cenas com a netinha Valentina são as melhores, já que a menina é muito sincera quando o assunto é falar da idade da avó.
As crianças Jullia Svacinna, Sofia Barros e João Barreto estão bem nos papéis e a interação deles com Marcus Majella é divertida e natural. Gostei dos três e cada um tem sua própria personalidade forte e doce.
Considerações finais
Um Tio Quase Perfeito traz uma história clichê que já vimos momentos parecidos em outros filmes, mas que funciona bem. É uma trama que se encaixa no gênero family movie em que o público irá se deparar com situações familiares. Não espere nada de inusitado ou um aprofundamento psicológico dos personagens. É um filme light, na medida certa, sem exageros ou situações forçadas. Um filme pra assistir com a família, regado de muita pipoca e refrigerante.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Um Tio Quase Perfeito
Direção: Pedro Antonio
Elenco: Marcus Majella, Ana Lucia Torre, Leticia Isnard, Jullia Svacinna, Sofia Barros, João Barreto, Eduardo Galvão, Bia Montez, Osvaldo Mil e Gustavo Nader.
Duração: 1h35min
Nota: 7,0