Inspirador, nerd e emocionante, Tudo Que Quero (Please Stand By) é repleto de aprendizado. Com uma narrativa que mistura ‘road movie’ e ‘coming of age’, o filme traz a realidade de uma garota que, aos 21 anos, vive no espectro autista, tem força e um sonho a realizar. Para Wendy, o mundo é um lugar confuso e nem por isso ela deixa de lado a sua independência e o seu brilho. No tempo livre, seu hobby favorito é escrever fan fics. Quando descobre uma competição de roteiros realizada pela Paramount Pictures, ela decide participar. Porém, após a visita da irmã Audrey e a decepção de não poder voltar para casa, Wendy perde o prazo para enviar o material pelo correio. Assim, com o seu cão Pete e alguns dólares no bolso, a garota decide corajosamente ir à Los Angeles em busca de seu sonho, embarcando em uma aventura repleta de desafios e surpresas.
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O filme traz referências honrosas à Star Trek, além de nos apresentar à protagonista. Wendy é organizada, metódica e vive uma rotina repleta de horários e regras, como vestir o moletom de determinada cor a cada dia, manter sua agenda e iPod sempre pendurados no pescoço e não atravessar a Market Street em hipótese alguma. Um dos pontos positivos do filme é que o roteiro trata o autismo com naturalidade, sem vitimizar de quem vive no espectro.
Dakota Fanning retorna ao cinema da melhor forma possível, entregando uma Wendy forte e determinada. Impossível não ficar inspirado com a força da protagonista ao ir em busca do seu sonho, mas também sentir medo e receio ao acompanhá-la na estrada à Los Angeles e se deparar com pessoas boas e com más intenções. Dakota consegue emplacar perfeitamente alguns trejeitos de uma pessoa que vive nesse espectro: sem olhar indiretamente para quem estiver na sua frente; diálogos diretos e não muito pausados, a falha de não captar o sarcasmo e a ironia; os momentos de crise; e as técnicas de contato e convivência social, como o sinal do abraço e o apito de alerta.
A jornada da heroína começa no instante em que se frustra por não poder ir embora da clínica, mesmo que tenha evoluído muito em sua rotina. Infelizmente, Audrey não se sente capaz de cuidar da irmã novamente, uma vez que ela está casada, com uma recém-nascida e ainda passa por problemas financeiros. Alice Eve traz bem o peso da culpa por não dar o melhor à sua irmã, mas em alguns momentos, senti que faltou mais energia, coragem e entusiasmo nas cenas em que precisa procurar por Wendy.
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Outro ponto positivo é o paralelo que o filme faz entre Wendy e Star Trek. A relação vai mais além entre fã e filme favorito, mostrando um significado mais forte e uma identificação entre Wendy e Spock, uma vez que ambos têm a difícil missão em se adaptar ao convívio social. Ela por viver no espectro autista; ele por ser metade alienígena. Tudo Que Quero não se estende em detalhar essa identificação, já que ela aparece sutilmente, como nas cenas em que a protagonista escreve o roteiro, na roupa do cachorro, no monólogo dos personagens em trajes espaciais e, é claro, o diálogo de Wendy e o policial, uma das melhores cenas que faz a referência perfeita à Star Trek.
Em meio a toda essa fuga e fantasia, quem segura as pontas é Scottie, interpretada por Toni Colette. Mais do que psicóloga responsável por seus pacientes, Scottie representa o equilíbrio e traz a imagem de uma mãe para Wendy. Ela sabe o quanto a garota melhorou e evoluiu, sabe controlar as crises e agir no momento certo. A cena em que ela confunde Star Trek com Star Wars é uma das mais divertidas.
Considerações finais
Tudo Que Quero é uma mistura de ‘road movie’ e ‘coming of age’ prazerosa e fofa, repleto de referências nerds que muitos vão adorar. Apresenta uma protagonista forte, determinada, astuta, competente e repleta de sonhos. Além disso, o filme trata de assuntos pertinentes, como autismo, família, amor e amizade sem torná-los banais. É uma história que ensina, inspira, emociona e aquece o coração.
Ficha Técnica
Tudo Que Quero
Direção: Ben Lewin
Elenco: Dakota Fanning, Toni Colette, Alice Eve, River Alexander, Jessic Rothe, Matt Corboy, Toni Revolori, Edward Hong e Matty Cardarople.
Duração: 1h33min
Nota: 8,5