É com muito prazer que faço a minha primeira crítica sobre Piratas do Caribe, a franquia que foi amor foi à primeira cena. Parece que foi ontem que me apaixonei e, desde então, venho acompanhando tudo sobre os filmes. Em 2014, recebo a notícia de que o quinto filme seria lançado, mas apenas em 2017. Três anos de espera, como aguentar? O tempo passou, o filme estreou nos cinemas e, agora, digo que amei passar cada minuto dentro da sala do cinema acompanhando as boas e velhas aventuras do capitão Jack Sparrow e seu grupo.
Dirigido por Joachim Ronning e Espen Sandberg, em Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar, o velho capitão Sparrow (Johnny Depp) vai ter uma nova pedra em seu sapato chamado Salazar (Javier Bardem), um capitão espanhol que tinha como função eliminar todos os piratas do mar. Na época, ele se deparou com Jack e morreu em sua própria emboscada, se transformando em um fantasma por causa de uma velha maldição que assombra o mar. Os anos se passam e Salazar retorna em busca de vingança. Para escapar, Sparrow precisa encontrar o Tridente de Poseidon, que dá ao seu dono o poder de controlar o mar e quebrar todas as maldições existentes. Mas ele não é único que está atrás dessa peça poderosa. Henry Turner (Brenton Thwaites) também quer o tridente, já que seu desejo é libertar seu pai, Will Turner (Orlando Bloom) da maldição do Holandês Voador. Assim como ele, Carina Smith (Kaya Scodelario) também deseja encontrar o objeto como forma de realizar o legado deixado por seu desconhecido pai.
Com toda a certeza, o quinto filme Piratas do Caribe é um prato cheio para os fãs da franquia devido ao seu fan service, fazendo referências aos três primeiros filmes. Acredito que o roteiro dividirá opiniões, já que ele é positivo por trazer momentos nostálgicos; e negativo por ser previsível e mostrar mais do mesmo. Mesmo assim, o quinto capítulo consegue apresentar novas tramas que fecham o primeiro ciclo da aventura de Jack Sparrow que acompanhamos desde 2003. Mas algumas pessoas podem se perguntar: “é necessário assistir todos os filmes antes de ver o novo?”, e a resposta é: depende. É possível assistir Piratas do Caribe 5 sem ter visto os anteriores, porém como a história relembra muitas coisas dos outros filmes, talvez o espectador não capte as referências e não reconheça ou conheça melhor antigos personagens. Meu conselho é que você assista aos primeiros filmes antes de ir ao cinema. Você vai se sentir mais à vontade para acompanhar a nova história.
Por falar em nova história, ela não é tão nova assim, já que o roteiro não apresenta tantas novidades e tem a função de reviver a essência da trama que fomos apresentados há mais de 10 anos. Mesmo assim, há novas “mini tramas” interessantes que conectam todos os filmes, fechando essa aventura. A história volta ao passado para contar como Salazar e Sparrow se conheceram e como Jack se tornou o famoso capitão caricato do cinema. Um fator muito interessante é que o filme dá explicações mais consistentes sobre a origem da bússola e porque Sparrow nunca tira de suas mãos, apesar da bússola ser sempre roubada por alguém quando possível. É importante prestar a atenção na forma como eles contam essa história para entender tanto a versão de Jack quanto a versão de Salazar. Aliás, tenho pequenas teorias sobre a bússola que faz conexões com os filmes anteriores. Além disso, há cenas divertidas como roubo do banco e a guilhotina. Não vou dizer mais do que isso para não dar spoilers.
Em relação à parte técnica, Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar não fica desejar em nenhum momento. Os efeitos especiais estão fantásticos e o CGI agrada bastante. As cenas feitas no mar, as lutas e duas cenas do terceiro ato que mostram a ilha misteriosa que eles encontram enchem os olhos do público de tanta beleza. A fotografia está boa, mas poderia ter ficado melhor se não tivessem optado por uma paleta de cores mais escura, se comparada com a dos filmes anteriores. Na tela do cinema, algumas cenas ficam bastante escuras, mas isso não prejudica tanto o filme. A trilha sonora de Geoff Zanelli é boa e envolvente, mas quando toca “Drink Up Me Hearties”, de Hans Zimmer, a nostalgia bate no peito com força. É sensacional.
Vocês devem estar se perguntando sobre os personagens. A química é boa quando estão juntos e cada um cumpre o seu papel, sendo que alguns se sobressaem um pouco mais que os outros separadamente, mas sem ofuscar o outro ou perder o seu espaço na trama. No entanto, alguns apresentam pequenos problemas que se ressaltam na história. Além disso, eles colaboram bastante para o fan service e alguns de seus atos trazem certa previsibilidade ao filme.
Personagens
Johnny Depp encarna pela quinta vez Jack Sparrow que está mais caricato do que nunca. Não há tanta mudança em suas tradicionais características, algo que gosto muito, mas Sparrow mostra sua decadência ao público por meio de suas atitudes. Se ele já era viciado em rum, agora está viciado ainda mais. No primeiro ato, o personagem aparece muito bêbado, já que sua vida se resume a bebida e roubo, sem navio e tripulação. Pra quem tinha boas aquisições lá no primeiro filme, Jack decaiu bastante no quinto. Mas ele dá a volta por cima, do jeito esquisito dele, mas consegue. E isso diverte bastante o público. O que incomoda um pouco é quando ele fala bêbado. Algumas falas saem confusas, e se não fossem as legendas, seria difícil entender as palavras que saem de sua boca. De resto, não tenho do que reclamar. A boa e velha essência de Jack Sparrow está ali, sem tirar e nem pôr. Se você não gosta do personagem ou gostaria de ver algo diferente, sinto lhe dizer, mas você vai se decepcionar, porque Jack Sparrow não mudou. Sua personalidade continua forte e ainda mais caricata.
Javier Bardem está perfeito na pele de Salazar, um vilão impiedoso, assassino e com o coração cheio de rancor. Seu objetivo é colocar as mãos no Tridente para ter sua tão sonhada liberdade e o controle total do mar, além de matar Jack Sparrow. Devido à maldição, Salazar não tem tantas cenas com Jack, o que pode decepcionar um pouco. Eu queria ter visto mais conflitos entre os dois, assim como Jack Sparrow teve Davy Jones no segundo e terceiro filmes. Aliás, as cenas de Salazar lembram muito as de Davy Jones e os efeitos especiais para caracterizar o vilão para dá-lo o aspecto de fantasma apodrecido com os cabelos flutuantes estão perfeitos. OBS: Gostei muito do Salazar, mas Davy Jones continua sendo o melhor vilão da franquia, na minha opinião.
Brenton Thwaites é Henry Turner e seu papel é consistente do começo ao fim. Você torce para o personagem alcançar o seu objetivo e não vê a hora dele reencontrar o pai. Henry é determinado, não desiste do que quer e passa por maus bocados devido às loucuras de Jack. Outra coisa interessante é que o personagem é visto como par romântico de Carina, porém o romance não é o ponto principal e não ofusca o objetivo dos dois.
Kaya Scodelario é Carina Smith, uma astrônoma vista como uma feiticeira pelos habitantes da ilha St. Martin, já que ela acredita na ciência e nos números. Por ser órfã, Carina tem apenas um diário deixado pelo seu pai, que contêm um mapa que não pode ser lido, apenas compreendido e sentido através das estrelas. É aí que o público encontra a conexão da personagem com a história, pois é ela quem guia Jack e toda a tripulação até o famoso Tridente. Carina também quer encontrar o objeto, porém o objetivo da personagem não fica tão claro na trama. Ela está seguindo o diário apenas para realizar o último desejo de seu pai ou para realmente encontrá-lo? Não tem como saber ao certo, já que a intenção da personagem fica superficial. Mesmo com esse problema, Carina é uma personagem forte e gosto da forma como ela se impõe no filme, principalmente nos momentos em que ela é alvo de provocações da tripulação por ser mulher e astrônoma. Acredito que alguns vão achar essas cenas um pouco machistas, mas sinceramente, eu não quero entrar nessa discussão. Eu gostei muito da Carina, da sua personalidade e também porque ela e Henry lembram os fãs da época em que Will e Elizabeth se aventuram ao lado de Jack Sparrow pela primeira vez.
Geoffrey Rush retorna como capitão Barbossa, que se encontra em melhores condições de vida e, agora, controla boa parte do mar. Claro que ele se vê totalmente ameaçado com o retorno de Salazar e, para não perder o seu posto, ele vai jogar no time que estiver ganhando. No filme, Barbossa pode ser visto como vilão e herói ao mesmo tempo, mas vai depender de como o público interpreta suas ações. Pra mim, ele consegue ser as duas coisas. Outro ponto importante é que o plot do personagem traz uma reviravolta ao filme, fazendo conexão com um dos personagens. Eu achei essa reviravolta previsível, mas pode ser que alguns fiquem bem surpresos com isso. Assista e descubra.
Outra grande dúvida dos fãs era sobre o retorno de Will Turner e Elizabeth Swan. Eles retornam, mas não fiquem tão eufóricos, pois é apenas uma mera participação especial que se torna emocionante e importante no final e na cena pós-créditos. Orlando Bloom aparece durante uns seis minutos, mas achei que o seu personagem estaria mais presente. No entanto, não fiquei frustrada com isso, pois a Disney não divulgou o retorno do personagem como algo extremamente importante e nem o colocou como personagem principal da nova trama. Da mesma forma é com a personagem de Keira Knightley. Sabíamos que Elizabeth voltaria, mas sua participação é mínima e satisfatória para fechar a história.
Também temos a participação especial de Paul McCartney que dura uns dois minutos. Não vou falar sobre o seu personagem, pois a graça está em assistir ao filme e se deparar com ele repentinamente. A cena é divertida, eu garanto. Uma participação que se torna uma incógnita é a feiticeira Shansa, interpretada por Golshifteh Farahani. Sua aparição é misteriosa, assim como o seu sumiço. Ela mexe alguns pauzinhos para ajudar alguns personagens e depois desaparece como se nunca tivesse aparecido. Talvez alguns achem isso muito estranho, mas acredito que a personagem tem muita história, mas que não será contada nesse filme. Quem sabe no próximo?
Considerações finais
Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar é um prato cheio de nostalgia para os fãs da franquia. Esqueça Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas. O primeiro, segundo, terceiro e quinto filmes fecham o ciclo da aventura de Jack Sparrow. Há a possibilidade de ter um sexto filme? Sim, pois há ganchos para uma nova história, especialmente a cena pós-créditos – não saia correndo da sala do cinema. Mesmo sem tantas novidades, é possível se divertir com o novo filme. Agora, se você espera uma história completamente nova, com aventuras diferentes ou simplesmente não gosta da franquia, esse filme não é pra você.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar
Direção: Joachim Ronning e Espen Sandberg
Elenco: Johnny Depp, Javier Bardem, Geoffrey Rush, Brenton Thwaites, Kaya Scodelario, Orlando Bloom, Kevin McNally, Golshifteh Farahani, David Wenham, Keira Knightley e Paul McCartney.
Duração: 2h09min
Nota: 8,0
