A convite da Universal Pictures Brasil, o Pipoca na Madrugada assistiu ao filme Ouija – Origem do Mal, dirigido por Mike Flannagan que também ficou a frente da direção dos filmes O Sono da Morte, Hush: A Morte Ouve e O Espelho. Na trama, após perder o marido, Alice Zander (Elizabeth Reaser) aplica golpes nos clientes dizendo ser uma vidente que conversa com os espíritos, uma forma que ela encontrou para pagar suas dívidas e colocar comida da mesa. Mas ela não trabalha sozinha, já que suas filhas Paulina (Annalise Basso) e Doris (Lulu Wilson) ajudam com os truques sobrenaturais. Para aprimorar a sua técnica, Elizabeth compra o Ouija, um jogo de tabuleiro de madeira que possibilita a comunicação com os espíritos, porém, a brincadeira vai mais além quando Doris liberta uma série de espíritos malignos na tentativa de falar com o pai falecido.
Ainda não assisti ao primeiro filme (Ouija – O Jogo dos Espíritos) por motivos de “tenho medo de assistir sozinha”. Mas sei que a trama mostra como as pessoas morrem após brincarem com o tabuleiro. Infelizmente o filme não foi bem visto pelos críticos, mas isso não impediu que os produtores criassem uma sequência revelando a origem do jogo. Posso dizer que o segundo filme é bom, está bem estruturado, tem cenas de susto equilibradas e bem feitas, além de outras que fazem os espectadores se divertirem. O roteiro é simples e sem muitas firulas, ou seja, o desenvolvimento segue progressivamente, deixando claro o rumo da história. Para mim, em um filme de terror a técnica do “menos é mais” é o que conta. Ou seja, não é necessário recorrer para cenas escatológicas ou o exagero de sangue esparramado no chão com o intuito de assustar. O uso das sombras, silhuetas à vista no canto da casa e objetos se mexendo sozinho, por exemplo, são técnicas simples que, quando bem executadas, conseguem mexer com o imaginário do espectador lhe causando medo e receio, ou seja, aquela vontade de se encolher na cadeira para se proteger. Ouija – Origem do Mal apresenta algumas dessas técnicas que até foram bem elaboradas, mas faltou um pouco mais de energia para fazer o público tremer de medo na cadeira. Outra coisa que ficou a desejar foi o formato usado para representar os demônios. Eles até são assustadores (não gostaria de ver um desses na minha frente), mas lembram de quando falei que menos é mais? Prefiro que mexam com a imaginação do público entregando apenas algumas pistas de que o demônio está ali, ao invés de mostrá-lo com olhos e boca. Há também momentos em que você dará risada, pois há cenas de jump scares que brotam na tela inesperadamente, causando o efeito de diversão ao invés de horror. Isso é ruim? Pelo contrário, o toque de humor negro em Ouija foi bem executado e quando é usado na medida e no momento certo não tem como dar errado.
Personagens
Não poderia deixar de falar das personagens que estão boas em cena, a começar por Doris. Fica claro que a atriz Lulu Wilson foi a mais exigida neste filme. Ela entrega uma Doris doce e meiga que, ao ser possuída por um espírito, sua personalidade muda radicalmente. A atriz trabalha muito bem com a expressão facial, especialmente com o olhar, tanto que a câmera foca várias vezes apenas em seus olhos que diz absolutamente tudo. Menos é mais, nunca se esqueçam disso. Os momentos em que o espírito se comunica pelo corpo da menina são aterrorizantes, mas mais assustador mesmo é quando a própria garotinha usa de sua voz delicada para dizer falas pesadas e ameaçadoras. A gente sabe que usar uma criança em filmes de terror com certeza vai assustar o público.
Quem também não fica para trás é Paulina, interpretada por Annalise Basso. A irmã mais velha é a primeira a descobrir o que se passa com Doris e tenta, a todo custo, salvar a irmã, desvendando os fatos sinistros que acontecem dentro de sua casa. Ela é rápida em suas ações e impulsiva na hora de tomar uma atitude, fazendo com que a resolução chegue mais rápido na trama.
Elizabeth Reaser também está ótima no papel de matriarca, porém, em alguns momentos ela poderá irritar o espectador, já que a mãe é a última a se dar conta do erro que cometeu ao introduzir as filhas em suas falcatruas, além de tentar falar com o marido através de Doris, instigando ainda mais o espírito maligno no corpo da menina.
Considerações finais
Ouija – Origem do Mal tem um final satisfatório e aberto, já que a trama irá tratar justamente da origem dessa força maligna do tabuleiro. Não tem como o público exigir uma resolução mais bombástica, pois a história continua lá no primeiro filme. Talvez tal resolução venha em um terceiro filme. As interpretações estão boas, com destaque especial para Lulu Wilson. Além disso, não posso deixar de mencionar que os figurinos e o cenário remetido aos anos 60 estão ótimos. Mesmo com um equilíbrio nas cenas de susto, o filme peca um pouco na hora de representar os demônios e não mexe tanto com a imaginação fértil do espectador. Mas isso não prejudica tanto a trama. Ouija – Origem do Mal é um filme que vale a pena a assistir e estreia hoje nos cinemas.
PS: Por ser um jogo maligno, o tabuleiro até que é bem vendido nas lojas. Ah se as pessoas soubessem o mal que estão comprando…
Ficha Técnica
Ouija – Origem do Mal
Direção: Mike Flannagan
Elenco: Elizabeth Reaser, Lulu Wilson, Annalise Basso, Henry Thomas, Doug Jones, Kate Siegel e Sam Anderson.
Duração: 1h30min
Nota: 8,0