Quem é Norman Oppenheimer? Essa é uma pergunta que você vai fazer várias vezes durante o filme dirigido por Joseph Cedar, que não está preocupado em falar sobre o personagem, mas sim, sobre o que ele faz. O mundo dos negócios é um ramo vulnerável. Além de ser bom no que faz, você precisa ter a jogada certa, os contatos certos e um toque de sorte. É exatamente isso que a trama vai tratar. Norman (Richard Gere) é aquela pessoa responsável em conectar as pessoas certas. Digamos que ele facilita esses encontros e ganha uma comissão em cima disso. Mas, para que essas estratégias deem certo, Norman precisa ter um excelente networking, em outras palavras, os melhores contatos na agenda.
Como disse, este ramo exige estratégia e sorte. Assim, após uma ótima jogada de mestre, Norman faz amizade com Micha Eshel (Lior Ashkenazi), um político israelense que se encontra em uma fase não muito promissora em sua carreira. O encontro nada casual rende uma oportunidade para Norman, porém, o resultado só é visto três anos depois, quando Micha se torna um político e influente líder mundial e transforma a vida do protagonista tanto positiva quanto negativamente.
No geral, o roteiro de Norman – Confie em Mim é bom, com diálogos inteligentes que mesclam entre o idioma inglês e israelense. Porém, é no desenvolvimento que algumas pessoas podem não gostar muito da trama, já que ela é um pouco arrastada e enfadonha em alguns momentos. Isso acontece por dois motivos: não é possível saber, de fato, quem é Norman, de onde ele vem, o que ele come, onde ele mora etc. O roteiro se preocupa mais em mostrar a técnica e o mecanismo que o personagem usa para criar a sua tão sonhada rede de contatos e, talvez, isso frustre alguns espectadores; segundo, o plot twist demora para acontecer e, quando acontece, algumas pontas ficam soltas. Esses dois pontos não são tão ruins assim, pelo contrário, a trama em si é interessante de acompanhar, mas se você está procurando por um filme mais leve, relaxante e que não exija tanto da sua atenção, Norman – Confie em Mim não é a opção ideal.
Mesmo não sabendo quase nada sobre o personagem de Richard Gere, é possível decifrar algumas coisas a respeito dele: pelo figurino ser o mesmo quase o tempo todo (pelo menos o casaco é), o uso do transporte público ou, até mesmo andar à pé, comer e (talvez) dormir na igreja de seu amigo pastor, nota-se que Norman não possui uma vida financeira equilibrada, ou como a cidade de Nova York exige de seus cidadãos. No entanto, é a mentira que faz a grande diferença no caráter do personagem. Para se aproximar de seus alvos e possíveis futuros contatos, Norman mascara ao falar do seu trabalho, sem entregar de bandeja o que realmente faz; ele mente sobre sua vida pessoal e omite o endereço onde reside, intrigando não só os demais personagens como também o próprio público. Além disso, em vários momentos, o espectador acreditará que Norman é um verdadeiro stalkeador, que segue, persegue e liga o tempo todo a ponto de torna-se bastante irritante. Esses detalhes chegam a ser uma grande jogada do roteiro, pois além de prender a atenção do público, brincam com o título do filme (Confie em Mim). Será mesmo que devemos confiar em uma pessoa como Norman?
É possível acreditar na amizade entre Norman e Micha Eshel, mas quando o político começa a ignorar as ligações e até a presença de Norman, por um momento, você acha aquela atitude muito chata, mas, se pararmos pra pensar, será que não faríamos o mesmo com alguém que não para de nos seguir um minuto se quer? Só que outras atitudes de Norman fazem o público entrar em contradição novamente, ou seja, será que vale a pena ter por perto e confiar em alguém assim?
Digo isso, pois o último ato nos dá o plot twist e nos revela atitudes positivas do protagonista que entram em contradição com o que vimos durante o filme. Além disso, a cena final fica em aberto fazendo com que o público tire suas próprias conclusões. Afinal, Norman é bom ou mau? Será que ele estava apenas tentando ganhar o seu espaço no mundo dos negócios? Será que ele usou as estratégias erradas? Será que as pessoas em sua volta, como Micha Eshel, foram ruins com ele ou eles estavam apenas tentando se proteger?
Norman – Confie em Mim traz uma boa abordagem sobre relações políticas e o mundo dos negócios, um personagem enigmático, mas um roteiro que pode ser enfadonho em alguns trechos e um final aberto que pode frustrar algumas pessoas que gostam de desfechos redondos e sem pontas soltas. Vale a pena assistir? Vale, mas só se você curtir este tipo de filme ou estiver a fim de assistir algo que vai exigir um pouco mais da sua atenção.
Me contem nos comentários o que acharam do filme!
Ficha Técnica
Norman – Confie em Mim
Direção: Joseph Cedar
Elenco: Richard Gere, Lior Ashkenazi, Michael Sheen, Dan Stevens, Steve Buscemi, Charlotte Gainsbourg, Josh Charles e Jay Patterson.
Duração: 1h57min
Nota: 6,5