Em uma época em que estamos aficionados às redes sociais e aos jogos onlines (como Pokémon Go), o filme Nerve – Um Jogo Sem Regras, dirigido por Ariel Schulman e Henry Joost, vem a calhar. Baseado no livro de Jeanne Ryan, o filme traz à tona Nerve, um jogo que dominou a cidade de Nova York com o objetivo de brincar de “verdade ou desafio”. Aqui, o usuário escolhe ser jogador ou observador (aquele que poderá assistir e desafiar os demais jogadores). Na trama, Vee (Emma Roberts) é uma garota do ensino médio, introvertida e tímida, que não consegue encarar certas situações, como demonstrar o interesse pelo garoto que ela gosta. Após uma discussão com sua melhor amiga, Sydney (Emily Meade), ela decide mostrar que é capaz de encarar desafios e, por isso, ela se inscreve no Nerve como jogadora. A partir daí, a história ganha a sua graça.
A cada desafio lançado, há uma quantia em dinheiro estipulada que o jogador poderá ganhar, caso o desafio seja cumprido. Há três regras nesse jogo: se você não cumprir o desafio, você perde todo o dinheiro; se você fracassar, você é eliminado do Nerve; se você dedurar alguém ou o jogo para alguma autoridade, você sofrerá as consequências. Assim que Vee encara o seu primeiro desafio, ela conhece Ian (Dave Franco), um rapaz misterioso e já experiente no jogo. A química entre os dois é tão grande, que eles caem nas graças dos observadores, aumentando não só a visibilidade e o sucesso, mas também os desafios, fazendo com que alguns sejam bastante perigosos.
Os dois primeiros atos do filme são ótimos, pois o roteiro é desenvolvido de forma rápida e dinâmica, não só apresentando o perfil dos personagens, mas também introduzindo, de imediato, a protagonista no jogo. Nesses dois primeiros momentos, o público entende como o Nerve funciona e já está ciente de que o jogo pode ficar pesado. Em termos de gráficos, luzes (usa-se muitas luzes neon) e cenografia, o filme não fica a desejar. A impressão que dá é que nós somos os observadores do jogo, já que muitas cenas revelam que estamos atrás do computador, no momento em que Vee clica no botão para aceitar o jogo. O legal é que, no Brasil, esses botões foram traduzidos para o português, quando a câmera vira para o público. Quando ela volta para o personagem, a língua padrão (no caso, o inglês) retorna. Acredito que eles irão fazer a mesma coisa em outros países onde o filme será lançado. Além disso, o filme traz a cidade de Nova York cheia de gráficos, mostrando a localização dos jogadores e observadores. Como a trama se passa em 2020, o filme mostra o quão a tecnologia se encontra evoluída.
Os jogadores
Emma Roberts me conquistou neste filme. A atriz entrega uma adolescente bem natural, tímida, mas que está cansada de ficar na sombra dos amigos sem nunca fazer o que realmente deseja. É muito legal acompanhá-la no jogo e ver o quanto a personagem evolui, especialmente a sua personalidade. Claro que, quando ela se depara com o perigo, sua atitude muda completamente, o que a faz tomar uma decisão radical. Quem for assistir, vai entender o que estou querendo dizer.
Apenas uma opinião: vejo que muita gente reclama de jogos, como o Pokemon Go, pelo fato de alienar as pessoas. Fazendo uma comparação positiva com o filme, é interessante ver o lado bom dessa história. Assim como Vee mudou pra melhor, muitas pessoas hoje também se sentem melhores, saem de casa, conhecem novas pessoas por causa do jogo. Acredito que a moderação e o cuidado na hora de jogar devem partir de cada um. No caso de crianças, esses cuidados devem partir dos pais ou responsáveis. Apenas uma observação.
O personagem de Dave Franco também te conquista não só pelo carisma, mas também pelo mistério que o ronda, afinal queremos saber as razões que o prendem neste jogo. Além disso, a química entre os personagens Ian e Vee é bom e funciona a ponto de o espectador preferir vê-los juntos do que separados.
Outra personagem que chama bastante a atenção é Sydney, interpretada pela Emily Meade. É ela quem apresenta e coloca Vee no jogo, com suas provocações. A trama fica ainda mais interessante quando Sydney vê Vee como sua adversária, disputando o primeiro lugar no jogo e tornando a brincadeira ainda mais perigosa.
Considerações finais
Infelizmente, o último ato enfraquece e fica a desejar, pois o final se torna óbvio demais, diminuindo a expectativa do público que estava lá em cima nos dois primeiros atos. O final não é tão ruim, mas poderia ter seguido outro caminho para fechar a história com chave-de-ouro.
Nerve – Um Jogo Sem Regras é um filme legal, com boas interpretações e uma história que se encaixa perfeitamente aos dias atuais, em que a tecnologia faz parte da nossa rotina 24 horas, aumentando a visibilidade, o sucesso e a interatividade de alguns; fracassando e destruindo a vida de outros. Como disse, os dois primeiros atos são ótimos, enquanto que o último deixa a desejar. O filme é bom? É sim. Vale a pena assistir para que cada um tire as suas próprias conclusões. O filme estreia hoje nos cinemas.
Ficha Técnica
Nerve – Um Jogo Sem Regras
Direção: Ariel Schulman e Henry Joost
Elenco: Emma Roberts, Dave Franco, Emily Meade, Juliette Lewis, Miles Heizer, Samira Riley, Machine Gun Kelly, Kimiko Glenn e Brian ‘Sene’ Marc.
Nota: 7,5
