O ano de 2017 está sendo O ANO para os filmes brasileiros, mas não se pode dizer o mesmo (e no geral) para as animações. Depois de se aventurar em alguns gêneros e ter obtido sucesso (O Rastro, Bingo – O Rei das Manhãs, Malasartes), o cinema brasileiro dá mais um passo e traz para o público a animação Lino, dirigido por Rafael Ribas. Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro que esta animação é totalmente voltada para o público infantil, ou seja, há chances dos adultos apenas se simpatizarem com o filme. No meu caso, há coisas que não me agradaram.
Nesta trama vamos acompanhar a história de Lino, um rapaz que anima festas infantis com sua boa e velha fantasia de gato. Azarado desde criança e de saco cheio do seu trabalho – uma vez que tem que aguentar os maus tratos da criançada – Lino decide se livrar da má sorte que o persegue e, para isso, ele resolve buscar a ajuda de Don Leon, um suposto “mago” não muito talentoso, que o transforma naquilo que ele mais odeia: sua própria fantasia. Para reverter o feitiço, o rapaz (agora gato) passa por várias situações, desde engraçadas até constrangedoras e, nesse percurso, ele vai aprender a dar valor às coisas que tem, além de encontrar o verdadeiro sentido para a sua vida.
A sinopse é atraente e faz o público comprar a ideia de que tal premissa será bem desenvolvida. Mas não é exatamente isso que acontece. A ideia de fazer o protagonista se transformar naquilo que ele mais odeia e ainda passar por altos e baixos é divertida, porém o roteiro torna-se “infantilóide” demais durante os três atos. Eu tenho plena consciência de que o filme é para o público infantil e, talvez, esse seja um motivo para eu não sentir tanta afinidade com o desenho. Mas a verdade é que eu adoro animações, desde que elas sejam bem contadas e atraia de verdade a atenção do espectador. Em Lino, a história fica boba, cheia de diálogos de efeito, piadas que perdem a graça quando se repetem – como é o caso da piada do “pum” e a do “biscoito ou bolacha?” e, o principal, os personagens são extremamente bobos ao ponto de irritar o público. De exemplo, há uma dupla de policiais que mais atrapalha do que ajuda na investigação. Eles têm atitudes ridículas e ainda são responsáveis por um alívio cômico nada atrativo. Claro que há a possibilidade de que uma criança de quatro ou cinco anos goste e se divirta muito com as cenas. Mas também, há chances de uma criança um pouco mais velha (oito ou nove anos) não engatar na história e sair do cinema bastante entediado. Infelizmente, o roteiro não caiu no meu gosto e fico triste quando isso acontece.
Se Lino perde pontos com o roteiro, o filme se salva com a produção. A qualidade visual é ótima, desde o cenário até os personagens. A construção do protagonista é boa – um gato grande que ganha cores bem fortes e vibrantes, predominando o rosa e o amarelo. Acredito que o público infantil fique mais entretido com os personagens e as cores do que a história em si que, por sinal, até traz uma mensagem legal e bonita para as crianças, mas poderia ter uma ênfase maior se o roteiro fosse melhor.
Além dos desenhos, outro ponto positivo da animação são as dublagens dos atores Selton Mello (Soundtrack), Dira Paes e Paolla Oliveira. Eu adoro as dublagens que o Selton faz e, em Lino, o seu trabalho não fica a desejar assim como o de Dira e Paolla. Aliás, a dublagem é o elemento que prendeu um pouco a minha atenção.
Considerações finais
A animação Lino – Uma Aventura de Sete Vidas é voltada para o público infantil e pode ser que muitas crianças gostem e alguns adultos crie empatia. A produção e as dublagens estão boas, mas o filme leva aquele escorregão com um roteiro fraco, com piadas repetitivas e sem graça e alguns personagens que conseguem irritar do começo ao fim. Lino deu o primeiro passo certo, mas o segundo saiu bem torto. Queria ter gostado, mas infelizmente, não foi dessa vez.
Ficha Técnica
Lino – Uma Aventura de Sete Vidas
Direção: Rafael Ribas
Elenco de dublagem: Selton Mello, Dira Paes, Paolla Oliveira, Luiz Carlos de Moraes, Guilherme Lopes, Hélio Ribeiro, Lupa Mabuze, Leo Rabelo, Marcelo Xepa, Reinaldo Rodrigues e Paulo Bernardo.
Duração: 1h33min
Nota: 5,0