Filmes sul-coreanos são conhecidos por entregar técnicas cinematográficas e uma história não óbvia de qualidade, e A Vilã (The Villainess) segue esse patamar sem nos decepcionar. Dirigido por Jung Byung-gil, o longa conta a história de Sook-hee (Ok-bin Kim) que, ainda pequena, testemunhou o assassinato do seu pai a sangue frio sem ter conhecimento da identidade do assassino. Com isso, ela cresce sob os cuidados de Joong-sang (Ha-kyun Shin), que a treina para torná-la uma assassina. Os anos passam e os dois se apaixonam e se casam. Porém, quando o assassino do pai de Sook-hee retorna, a vida dela se torna uma escuridão, pois ele também mata o seu marido, fazendo nascer uma vingança sem fim.
Após eliminar todos os envolvidos na morte de seu pai e marido, Sook-hee é recrutada pela Agência de Inteligência coreana e recebe uma segunda chance na vida: “Trabalhe para nós por 10 anos e você ganhará a sua liberdade”. Prestes a ter um bebê, Sook-hee aceita a proposta e ganha uma nova identidade: Chae Yeon-Soo, 27 anos, atriz de teatro e assassina de aluguel. Treinada para a vida criminosa, lidar com uma vida normal não é uma tarefa fácil. Então, dois homens aparecem repentinamente em seu caminho e ela descobrirá os segredos do seu passado.
Apesar de se estender em certas cenas e misturar as linhas temporais da trama (o passado e o presente de Sook-hee) o que pode confundir algumas pessoas temporariamente, a trama já prende a atenção logo nos minutos iniciais em um plano sequência violento, instigante e arrebatador. Com uma câmera subjetiva para fazer o público os olhos do personagem, a euforia cresce com a sequência de tiros, porrada e muito sangue, ao estilo gráfico de um videogame. Logo de cara, nota-se que o tom do filme é sombrio, agressivo e bem feito. O segundo ato de A Vilã revela também que a narrativa não é linear, ou seja, aquela primeira cena é de um futuro não tão distante, que leva às explicações de como Sook-hee se torna quem ela é hoje.
Há também uma quebra de sintonia. No instante em que o espectador acompanha um ritmo frenético, violento e cheio de perseguição, o filme dá uma freada e entra em um clima mais calmo, tímido e íntimo. Aqui, o público passa a ver um drama sobre a vida normal da protagonista, um novo amor em sua vida e a rotina de ser mãe enquanto trabalha como assassina. Tal quebra de ritmo não prejudica a história, uma vez que esse arco dá corda para nos surpreender mais para frente. No entanto, se esse arco fosse um pouco mais curto, seria um pouco menos cansativo.
Devo dizer que o elenco funciona muito bem, mas o grande destaque do filme é a atriz Ok-bin Kim, que entrega uma protagonista badass, forte, visceral, imponente e, é claro, bastante vingativa. Sua performance até faz lembrar a personagem de Charlize Theron no filme Atômica. O terceiro e último ato, sem dúvida, é o grande ápice em que todas as peças do quebra-cabeça do passado de Sook-hee se encaixam, nos dando um desfecho surpreendente, empolgante e bom. Só não é melhor porque, novamente, a cena se estende mais do que devia.
Infelizmente o final não é tão feliz, mas é arrebatador e satisfatório, fechando o ciclo vingativo de toda a trama. Se você é fã de filmes sul-coreanos e gosta da temática ‘vingança’, A Vilã é uma boa opção para a sua ida ao cinema.
Ficha Técnica
A Vilã
Direção: Jung Byung-gil
Elenco: Ok-bin Kim, Ha-kyun Shin, Bang Sung-jun, Kim Seo-hyung, Sung Joon, Eun-ji Jo, Jeong Hae-gyoon e Park Chul-min.
Duração: 2h03min
Nota: 8,0