Nesse domingo (25), estreou a série argentina O Jardim de Bronze, uma produção da HBO Latin America Orginals e adaptação do livro El Jardín de Bronce, do autor Gustavo Malajovich. A série dramática dirigida por Hernán Goldfrid e Pablo Fendrik conta a história de Fabián Danubio (Joaquín Furriel), um arquiteto que vê a vida virar do avesso após o desaparecimento repentino de sua filha Moira. Com a falta de respostas e pistas concretas da polícia, Fabián inicia uma busca por conta própria em uma missão que se transforma em uma obsessão permanente. A investigação, os personagens e o cenário da cidade de Buenos Aires se misturam e complementam. O protagonista enfrenta uma situação perturbadora em que precisará se reinventar para enfrentar uma realidade que vira pesadelo do dia para a noite. Nessa história de suspense, tempo, acaso e a ideia do crime perfeito têm papel fundamental.
A convite da HBO, o blog assistiu ao primeiro episódio dessa série que promete desenvolver uma trama recheada de mistério. Além de apresentar os personagens principais, o primeiro episódio desenvolve rapidamente o arco principal que, no caso, é o sequestro repentino de Moira. Os primeiros minutos revelam um sumiço rápido da garota no parque do bairro, mas logo ela é encontrada pelo pai. No entanto, ela afirma estar com um homem, conhecido por ‘o homem do jardim’, que leva os pais a acreditarem que a garotinha estava se referindo ao seu desenho favorito. Intrigado, Fabián questiona a filha, mas não obtém respostas – uma vez que crianças adoram guardar um segredo – o que o deixa ainda mais desconfiado. E tal desconfiança alimenta mais o seu medo, fazendo com que ele preste mais atenção nas atitudes da menina.
Com a autorização da mãe, Moira vai uma festa de aniversário de uma amiguinha, acompanhada por sua babá, e é durante esse trajeto que as duas personagens desaparecem sem deixar nenhum vestígio. É aqui que as coisas começam a esquentar e o público terá a atenção totalmente mergulhada na série. A trama cria uma atmosfera perturbadora na família, deixando Fabián totalmente desesperado, enquanto sua esposa entra em um estado de depressão e sem reações em virtude do sumiço de Moira. Enquanto vemos o caminho do casal se separar drasticamente, no meio desse percurso acompanhamos as primeiras 72h de investigação que não oferece nada concreto, porém a paisagem de Buenos Aires e outros personagens nos dão leves pistas sobre esse sumiço, o que aumenta ainda mais a curiosidade sobre as intenções dos demais personagens que surgem com o intuito de ajudar, como é o caso de um advogado que vê o caso pelo jornal e um amigo e detetive que oferece uma ajuda especial para Fabián. Por que eles resolveram oferecer essa ajuda “de graça”? O que passa na mente deles? Será que eles conseguiram enxergar alguma coisa que Fabián deixou passar?
Um ponto interessante é a reação da mãe. É compreensível que ela se sinta vulnerável, triste e desolada com o desaparecimento de sua filha, mas suas atitudes e sua falta de reação aumentam ainda mais a curiosidade do espectador, uma vez que ela não faz nada enquanto o pai se desespera pela cidade em busca da garotinha. Por que a mãe não faz nada? Seria falta de interesse? Ou seria a consciência pesando com o sumiço da menina? Será que a mãe tem algum envolvimento com esse suposto sequestro?
Outro ponto interessante é que a primeira cena da série é totalmente fora de contexto, mas ganha um pouco de sentido no instante em que o espectador assiste ao desfecho da season premiere que, por sinal, é forte e intrigante, um ótimo cliffhanger para o próximo episódio, aumentando ainda mais o mistério e as dúvidas não só dos personagens, mas também dos telespectadores. Não vou dizer o que acontece, pois é um baita SPOILER rs.
Ao mesmo tempo em que a trama oferece elementos que farão o público questionar bastante sobre o desaparecimento de Moira, há também cenas clichês com pistas óbvias demais. No entanto, tais cenas me fazem pensar que, talvez, a série esteja com o intuito de confundir o telespectador, entregando coisas óbvias quando, na verdade, elas não são tão óbvias assim. Entendem o que eu quero dizer? Se essa for a intenção da série, ela promete nos entregar uma história bastante envolvente.
O mais interessante é que O Jardim de Bronze desenvolverá o pânico, medo, desespero, a perda, dor e a esperança pelo desaparecimento da menina em apenas oito episódios, o que são suficientes para entregar um thriller redondo e satisfatório, sem encher linguiça. Aliás, a história não se prenderá em apenas 72 horas do sumiço da personagem, mas caminhará ao longo de anos, criando uma atmosfera de pesadelo na vida de Fabián.
O Jardim de Bronze tem um enredo muito bom e seu primeiro episódio prende a atenção do telespectador do começo ao fim. É uma série que vale a pena acompanhar e torço para que ela não enrole durante esses oito episódios, afinal, tem muita coisa para desvendar e a trama não pode perder tempo com enrolação.
Ficha Técnica
O Jardim de Bronze
Direção: Hernán Goldfrid e Pablo Fendrik
Roteiro: Gustavo Malajovich e Marcos Osorio Vidal
Elenco: Joaquín Furriel, Luis Luque, Julieta Zylberberg, Gerardo Romano, Romina Paula, Mario Pasik, Claudio Da Passano, Alan Sabbagh, Norma Aleandro e Daniel Fanego.
Duração: oito episódios (aos domingos, às 21h na HBO)
Nota: 8,0 (primeiro episódio)