Medo Profundo (47 Meters Down) é o típico filme que não cria expectativas, tem cenas clichês do que não poderia fazer ou acontecer em situações de risco, mas apresenta uma reviravolta que surpreende, agrada e faz o público sair satisfeito da sala do cinema. O bom e velho filme de tubarões retorna às telas positivamente e eu vou explicar o porquê.
Dirigido por Johannes Roberts, a trama conta a história de duas irmãs que estão de férias em uma praia no México. Kate (Claire Holt) convence Lisa (Mandy Moore) a entrar no mar dentro de uma gaiola de metal e ficar a cara a cara com gigantes tubarões. Desafio aceito, elas embarcam em uma aventura cujo caminho pode ser perigoso. Depois de explorar o fundo do oceano, as irmãs se preparam para serem puxadas à superfície, porém um descuido faz com que a gaiola se desprenda do barco de apoio, caindo a 47 metros de profundidade. Presas em meio à escuridão e cercadas por tubarões, elas precisam controlar o desespero e encontrar um meio de retornar à superfície antes que o oxigênio chegue ao fim.
Como quase todos os filmes de suspense (quase terror), Medo Profundo tem suas cenas clichês que fazem o espectador acreditar que a trama seguirá um caminho previsível e até forçado. Como duas mulheres aceitam o desafio de entrar em uma gaiola velha, amarrada a uma corda fraca em um barco precário que aparentemente não recebe manutenção há anos? Isso sem falar nos tripulantes que não demonstram tanta confiança. No entanto, o que seria do filme sem esses momentos, não é mesmo? O jeito é se deixar levar para saber o que vai acontecer.
Mesmo com uma situação previsível, Medo Profundo tem uma boa introdução, apresentando as irmãs e a razão delas terem escolhido aquela praia e aquele passeio. Enquanto Kate é aventureira e bem descontraída, Lisa é mais certinha, metódica e, neste momento, precisa lidar com o seu coração após o fim de seu namoro. Para provar ao mundo (ao namorado) que é possível dar a volta por cima, Lisa aceita mergulhar em meio aos tubarões. Afinal, vale tudo por um selfie no instagram, certo? rs. O primeiro ponto positivo do filme é a química de Mandy Moore e Claire Holt. Apesar das personalidades serem distintas, o entrosamento das duas é natural e é possível notar o amor fraternal delas, uma ajudando e agradando a outra e vice-versa.
Ao despencarmos no fundo do mar com as personagens, o roteiro abre espaço para explorar minuto a minuto os momentos agoniantes e brinca com o psicológico das irmãs. A palavra ‘sufocante’ é o que melhor define Medo Profundo, pois o filme trabalha bem os elementos que aumentam a agonia, o medo, o perigo e a luta pela sobrevivência. A corrida contra o tempo, a exploração do ambiente desconhecido e assustador, a alta pressão da água sobre o corpo, os efeitos colaterais do oxigênio e a dificuldade em controlar a respiração são fatores bem contextualizados no filme, o que dificulta ainda mais a situação e o meio de encontrar uma solução para algo que, aparentemente, não tem mais jeito. Todos esses elementos são englobados por uma trilha sonora que faz com espectador se remexer na cadeira, tampar os olhos e coração palpitar pelo próximo momento aterrorizante que está prestes a vir.
Outro ponto positivo é que o filme não abusa da figura do tubarão e, muito menos, o coloca na posição de vilão da história. Enquanto as irmãs “invadem”, exploram e se aterrorizam no fundo do mar, os tubarões estão ali apenas para defender a si mesmos e o seu ambiente de corpos estranhos. A ausência da imagem do tubarão torna a situação muito mais assustadora, afinal você não sabe em que momento ele irá aparecer, tornando o filme ainda mais agoniante.
Ao entrarmos na reta final, acredita-se que a história terá um desfecho sem surpresas, no entanto, o roteiro entrega uma boa reviravolta, que surpreende e satisfaz mais do que se espera. É perfeito? Não, mas é muito bom.
Medo Profundo traz uma história simples, que explora bem os elementos que perturbam o psicológico das irmãs e faz o público sentir a mesma agonia e o desespero delas. Mesmo com alguns momentos clichês, o filme acerta ao dar um desfecho com surpresas, o que faz o público sair feliz do cinema por ter acompanhado uma história boa e atrativa.
Ficha Técnica
Medo Profundo
Direção: Johannes Roberts
Elenco: Mandy Moore, Claire Holt, Matthew Modine, Yani Gellman, Chris J. Johnson, Santiago Segura e Axel Mansilla.
Duração: 1h41min
Nota: 7,5