A convite da Netflix, o Pipoca na Madrugada assistiu aos dois primeiros episódios de Maniac, nova minissérie do serviço de streaming estrelado por Jonah Hill e Emma Stone. Posso dizer que esta nova produção é intrigante e a narrativa é ousada e bastante interpretativa, que vai exigir sua atenção não só nos diálogos, mas também nos detalhes dos cenários que nos têm muito a dizer. Além disso, o elenco é de peso e prova uma ótima atuação até agora.
Mas afinal, do que se trata Maniac? Situada em um mundo e em uma época bem semelhantes aos atuais, a minissérie acompanha Annie Landsberg e Owen Milgrim, dois estranhos que participam de um experimento farmacêutico misterioso, cada um com os seus próprios motivos. Enquanto Annie está infeliz e sem um rumo para a sua vida, Owen tenta lidar com sua família, os problemas, além do fato dele ter recebido um diagnóstico inconclusivo de esquizofrenia.
Maniac entrega ao telespectador uma narrativa não linear em que vamos conhecer a personalidade dos protagonistas e o propósito que os levam até o experimento. Pelo que foi possível entender é que cada episódio trará um ponto de vista de cada personagem a fim de que o público conheça os dois lados da história para, assim, unirmos as duas tramas na jornada da experiência que, no total, são três fases.
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No primeiro episódio intitulado O Escolhido, acompanhamos a minissérie pelo ponto de vista de Owen, o quinto filho de uma família rica de empresários de Nova York, esforçado, quieto e com uma expressão bastante depressiva devido ao seu problema de saúde, que o leva a enxergar pessoas que “não existem” e a sentir fortes ‘terremotos’ em momentos de crise. Até agora, o que se sabe é que, mesmo sob essas condições, Owen luta para ser independente, tendo o seu próprio apartamento e um emprego que não seja na empresa da família. Junto a esses fatores, acrescenta-se que o rapaz precisa depor a favor de seu irmão, interpretado por Billy Magnussen, no entanto, ainda não se sabe o real motivo de ambos terem que ir ao tribunal, um plot que promete ser intrigante e agitar a trama.
Jonah Hill está bem no papel e entrega um personagem que espalha depressão pelo ar. Por ter esse problema, a atmosfera em volta de Owen se torna pesada, cansada e até um pouco tediosa, a ponto de você sentir as cenas passarem lentamente e o público absorver toda aquela tristeza para si. Por um lado isso pode até ser um pouco chato, mas tenho que admitir que a interpretação é ótima e acredito que esse clima irá melhorar mais pra frente.
Já no segundo episódio intitulado Moinhos de Vento, acompanhamos a trama pelo ponto de vista de Annie, antes de se encontrar pela primeira vez com Owen. Annie tem uma personalidade forte, é temperamental e carrega segredos e uma tristeza profunda em seu peito. Ela faz de tudo para entrar no experimento, uma vez que a empresa oferece justamente o remédio na qual ela é viciada. Mas assim que a moça inicia a primeira fase do teste, ela é obrigada a voltar ao passado na qual descobrimos mais sobre sua vida, suas vulnerabilidades e seus amores que, neste caso, é sua irmã. Esse plot é sensacional e traz um desfecho arrebatador, fazendo o público compreender perfeitamente o propósito da personagem até aqui. Emma Stone está fantástica e, além dos diálogos escrachados e ótimos, suas expressões faciais são excelentes, misturando raiva e humor.
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Além dos personagens e bons diálogos construídos, Maniac cria um cenário repleto de referências que misturam modernidade com os anos 80 e 90. Por um lado, o telespectador se depara com tecnologias de ponta – como o robô que limpa as ruas e ‘caminhões’ capazes de isolar o ser humano da sociedade, máquinas que se comunicam com o homem (é possível lembrar do filme Her) – mas também computadores antigos, do tipo ‘caixotão’, vídeos antigos, figurinos dos anos 90, outdoors coloridos, entre outras coisas.
A trama é bastante interpretativa, por isso sugiro que preste atenção em tudo o que acontecer, pois em um dado momento não há como saber o que é real e ilusão até que o episódio confirme isso. Além disso, há uma cena da Annie pegando o livro de Don Quixote e, quem conhece a história, vai saber correlacionar o livro com a minissérie. Mas, mesmo que você não saiba sobre o livro, não tem problema, pois é possível entender a história. Neste caso, Don Quixote seria mais um complemento ao conhecimento da proposta da minissérie.
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Maniac tem bom potencial, uma proposta intrigante e bastante interpretativa, seja nos personagens, cenários e diálogos, além de um elenco de ponta. Os dois primeiros episódios prendem a atenção e um complementa o outro. Resta saber se o resto da minissérie vai segurar as pontas, continuar seguindo a narrativa não linear e, é claro, entregar um desfecho bom e satisfatório.
Ficha Técnica
Maniac
Criada por: Patrick Somerville
Direção: Cary Joji Fukunaga
Elenco: Emma Stone, Jonah Hill, Justin Theroux, Sally Field, Billy Magnussen, Juliar Garner, Sonoya Mizuno, Jemina Kirke, Gabriel Byrne, Dai Ishiguro, Sejal Shah, Aaralyn Anderson, Alexandra Curran, Christian DeMarais, Cailin Loesch, Hannah Loesch e Rome Kanda.
Duração: 10 episódios (30 a 40 min. apróx.)
Nota: 8,0 (2 primeiros episódios)