Venom é um filme que vai dividir opiniões em diversas formas. O longa dirigido por Ruben Fleischer não pode ser definido como um filme de origem ou de herói, uma vez que a história permanece em uma limbo sem um caminho correto a seguir. Não é possível levar a trama a sério, uma vez que nem ela mesma leva. Há momentos bons? Sim, há cenas divertidas, um bom entrosamento entre protagonista e simbionte, mas também há muitas falhas que acabam pesando no resultado final.
A trama não perde tempo e logo começa com a explosão de um foguete que vem trazendo os famosos simbiontes para o Instituto Vida, liderado por Carlton Drake, um cara sem escrúpulos que utiliza cobaias humanas em experimentos mortais. Quem vem investigando essas tramoias é Eddie Brock, um jornalista famoso pelo seu programa de investigações. Ele acredita que há muita sujeira por trás desse instituto, mas assim que ele tenta fazer algum tipo de acusação, toda a sua vida vai por água abaixo.
Praticamente o primeiro ato tenta estruturar os personagens dentro da trama, mas acaba perdendo muito tempo nisso, uma vez que o público espera o primeiro contato real entre Eddie e Venom. A primeira grande falha é que o filme não aproveita este momento introdutório para trazer ao espectador uma explicação plausível, no mínimo básica, sobre a origem dos simbiontes, de onde eles são, quais tipos existem, qual o nível de inteligência, força e poder que eles têm e como eles foram capturados e trazidos para a Terra. À medida que se entra mais em contato com esses simbiontes, especialmente nas cenas dos experimentos, mais perguntas surgem e, infelizmente, o filme não entrega respostas. Simplesmente é aceitar o que está ali. Em vários momentos é possível se pegar questionando coisas que, talvez, você só descubra nos quadrinhos sobre o personagem ou, apenas fazendo uma pesquisa. Mas se depender do filme, o espectador continua em cima do muro. Além disso, há muitas cenas picotadas e outras que poderiam ter sido retiradas na edição.
Por não trazer bons argumentos sobre esses simbiontes, como eles funcionam em cada organismo – uma vez que eles precisam de um hospedeiro para sobreviver – os efeitos prós e contras, pode se dizer que Venom falha em termos de ser um filme de origem, já que não entrega uma história mais detalhada que faça o espectador compreender mesmo que não conheça direito o personagem principal. O longa se afasta das HQ’s (o que é algo válido), mas esquece de estruturar uma boa história aqui.
Uma coisa que ninguém deve esperar é a conexão de Venom dentro do universo do Homem-Aranha. Não há referências, muito menos algum tipo de fan service. Isso foi esclarecido desde a época que o filme começou a ser produzido.
Assim que o simbionte faz o primeiro contato com Eddie Brock, o filme ganha alguns pontos por três motivos. O primeiro é que finalmente temos sequências de ação satisfatórias que vão prender a sua atenção, como por exemplo, a cena de perseguição no trânsito. É barulhenta, forte e cheia de adrenalina. O segundo são os efeitos especiais que entregam um bom formato ao Venom. Particularmente eu gostei do personagem, da sua caracterização e voz. Não fica a desejar, mas vai do gosto de cada um. Por fim, o terceiro ponto é o bom entrosamento entre Eddie e Venom, que rende cenas muito divertidas.
Tom Hardy (Dunkirk) não entrega uma atuação espetacular, mas sua performance é boa, especialmente quando o alienígena se hospeda em seu corpo. Eddie enlouquece, fica agitado, forte, cheio de fome, desesperado e todo esse descontrole é bem visto, o que rende cenas bem engraçadas, mesmo que a situação não seja uma das melhores. Aliás, a conexão de Eddie e Venom é o que há de melhor no filme.
Infelizmente Riz Ahmed entrega um vilão cuja motivação é genérica demais e não convence em nada. Ele apresenta um discurso que se torna esdrúxulo no minuto seguinte que ele toma uma atitude oposta e maldosa. Suas verdadeiras motivações não são bem justificadas, fazendo o público não entender o que o personagem quer com a junção de simbiontes e seres humanos.
Michelle Williams (O Rei Do Show) é Anne, namorada de Eddie, mas que se torna irrelevante logo no primeiro ato. Algumas de suas cenas até são legais e, mesmo sendo uma ótima atriz, ela não ganha o destaque merecido. Uma pena.
O filme também nos apresenta Riot (já visto no trailer) e suas cenas são boas, mas o roteiro também não faz muita questão de introduzir melhor o simbionte alienígena.
Considerações finais
Venom tem os seus momentos bons, especialmente quando Eddie e o simbionte se unem, mas o filme apresenta muitas falhas no roteiro, cenas picotadas e um vilão que não convence. Não se pode dizer que é um filme de origem ou que entrega, no mínimo, um fan service. Venom é apenas um entretenimento, mas que poderia ter sido melhor aproveitado.
PS: Há duas cenas extras, uma no meio e outra ao final dos créditos. Por isso não saia correndo do cinema.
Ficha Técnica
Venom
Direção: Ruben Fleischer
Elenco: Tom Hardy, Riz Ahmed, Michelle Williams, Jenny Slate, Reid Scott, Scott Raze, Michelle Lee, Woody Harrelson e Wayne Pére.
Duração: 1h52min
Nota: 5,5