Há 25 anos, Premonição faz sucesso entre os fãs com sua consolidação no gênero terror ao colocar a morte como o maior vilão de sua trama. Depois de cinco filmes, eis que há mais história para contar e respostas para dar.
Mesmo que a fórmula seja a mesma, Premonição 6: Laços de Sangue (Final Destination: Bloodlines) mantém a franquia firme e agrada o público com uma perspectiva diferente, mortes criativas – algumas forçadas e outras mais realistas – um sentimento mais forte de importância aos personagens, arcos de origem explicados e esperados desde o primeiro filme e aquele final sangrento e delicioso que a franquia não deixa de entregar. Afinal, escapar da morte não é para todos. Se você é fã desta saga de terror, vale a pena conferir o sexto filme e vou te dizer o porquê.
Com direção de Adam Stein e Zach Lipovsky, Premonição 6: Laços de Sangue começa com sua icônica sequência de uma grande morte que assola as vítimas da vez que não poderiam escapar do ceifador…e se escapar, já sabe o que acontece. Sendo assim, a trama se inicia nos anos 1960 ao revelar a grande tragédia ocorrida na torre, uma sequência bem feita, angustiante e formidável, desde a cena do elevador, o chão de vidro, a destruição do restaurante e a raiva que o espectador sente por uma moeda e um garoto. Sinto dizer, mas este filme faz você torcer e vibrar pela morte de uma criança. Assista e entenderá.
Mas a grande surpresa é que esta visão sobre a morte neste local não vem, à primeira instância, da pessoa que carrega tal dom amaldiçoado e, sim, de uma pessoa do mesmo sangue, daí vem o subtítulo do filme. Assim, conhecemos Stefani (Kaitlyn Santa Juana) que, há meses, vem sendo atormentada pelo mesmo sonho violento e recorrente com sua avó, cujo contato é raro.

Devido aos pesadelos constantes e a perturbação do sono, Stefani é prejudicada na universidade. Com isso, ela decide voltar para casa para investigar a razão para ter estes sonhos com a avó, o motivo da família ter cortado totalmente o contato com ela e a verdadeira razão para sua mãe ter ido embora.
Assim, Stefani descobre que a avó Iris é quem fez a previsão do desastre na torre SkyView nos anos 60, salvando várias pessoas que, mais tarde, morreram tragicamente. Os anos passam e Iris formou uma família, porém a morte lhe acompanha até hoje. Para isso, ela tentou proteger a todos até não poder mais. Agora é a vez de Stefani carregar tal fardo macabro e ajudar a proteger a família antes que a morte chegue para cada um. Mas esta é uma tarefa que beira ao impossível.
Enquanto que nos demais filmes de Premonição a dinâmica das vítimas e mortes sempre gira em torno de um grupo de amigos, Premonição 6: Laços de Sangue acerta ao modificar parte da fórmula e desenvolver a história em um arco familiar cujo laço é sanguíneo.
Sendo assim, o filme acerta ao trazer a maldição da morte em uma perspectiva diferente, cuja narrativa sangrenta gira em torno de uma família que não deveria existir, já que a matriarca principal enganou a morte pela primeira vez, colocando a todos na mira do inevitável.

Outro acerto é que Premonição 6 não foca em desenhar na tela exatamente as visões que a protagonista tem sobre a morte, e sim, jogar pistas, barulhos, sensações estranhas e descrições (sendo algumas vistas logo em seguida) sobre o que está por vir. Além disso, o livro escrito e desenhado por Iris contribui fortemente nestas previsões, sem necessariamente mostrar tudo, a fim de não deixar o desenvolvimento tão previsível ao público.
E por falar nisso, Premonição 6 guarda surpresas deliciosas na história, com plot twists bons que beiram ao engraçado. É bem provável que o espectador dê boas risadas nestes momentos, pois diverte em meio a tanta tragédia.
Aliás, há pequenas modificações nas cenas do trailer com o que é visto no filme, o que soa positivo aqui. Mas claro que, a melhor coisa a se fazer é ler o essencial sobre a história e assistir ao filme para se surpreender ao máximo possível.
Claro que a carta triunfo da franquia Premonição são as mortes e a criatividade neste sexto filme não fica a desejar. Entre todas as sequências, a trágica destruição da torre, o churrasco em família e a cena da máquina de ressonância magnética são as melhores, justamente por se aproximar mais da realidade, ou seja, algo possível de acontecer. Há uma morte em específico que é muito boa justamente por ser absurda, mas não distante de uma fatalidade viável de ocorrer. Assista e descubra.

Não dá para negar que em Premonição há facilidades e momentos forçados, como a tal moeda que rola para todo o lado; a cena do anel no dedo; e mortes que esmagam completamente a vítima, uma vez que o estrago é bem exagerado.
Todo o conjunto da obra de Premonição 6: Laços de Sangue funciona satisfatoriamente com um elenco bom, mas nada formidável ou fora da caixinha. A dinâmica entre os personagens é interessante, especialmente entre os irmãos Stefani e Charlie (Teo Briones), e com os primos Erik (Richard Harmon) e Bobby (Owen Patrick Joyner) que, por sinal, faz o público soltar risadas de nervoso com o tom cômico na medida certa em meio a tantas mortes que assolam essa família.
Já os pais dos adolescentes são os mais desatentos com a famigerada negação, mesmo que o pior esteja acontecendo debaixo do nariz, com exceção de Darlene (Rya Kihlstedt), mãe de Stefani e Charlie. Quem também surpreende e se destaca é a jovem Iris, interpretada por Brec Bassinger, que rouba a cena na sequência inicial.

Premonição 6: Laços de Sangue também faz boas referências aos filmes anteriores, além de finalmente trazer o aguardado arco de origem de William Bludworth, personagem icônico desde o primeiro filme, interpretado pelo ator Tony Todd, que faleceu em novembro de 2024.
Crítica – Drop: Ameaça Anônima
Misterioso e sinistro, o agente funerário era uma espécie de mentor aos personagens, explicando os motivos da morte segui-los e como escapar possivelmente. Premonição 6: Laços de Sangue finalmente traz a história de origem de William e a verdadeira razão para ele saber tanto sobre a maldição da morte. A despedida tanto do personagem quanto do ator é singela e merecida neste filme.
Considerações finais

A reta final de Premonição 6: Laços de Sangue amarra quase todas as pontas, dando a entender que a tragédia assolou a maioria, salvando-se alguns. Mas engana-se quem acha que pode driblar a morte tão fácil assim. Aliás, a última sequência é grandiosa e absurda, fazendo uma leve referência a Premonição 2.
Premonição 6: Laços de Sangue não apresenta nenhuma genialidade, mas agrada os fãs ao seguir a mesma fórmula dos filmes anteriores, surpreendendo na mudança para uma dinâmica de família, o sentimento maior de consideração entre os personagens, com mortes criativas, um tom cômico bom e comedido, momentos agoniantes e outros forçados, boas referências, curiosidades saciadas e o delicioso desfecho macabro que Premonição não deixa de fazer.
Ficha Técnica
Premonição 6: Laços de Sangue
Direção: Adam Stein e Zach Lipovsky
Elenco: Kaitlyn Santa Juana, Teo Briones, Richard Harmon, Owen Patrick Joyner, Anna Lore, Rya Kihlstedt, Brec Bassinger, Tony Todd, April Telek, Gabrielle Rose, Alex Zahara, Travis Turner e Tinpo Lee.
Duração: 1h50min
Nota: 3,2/5,0