Apenas três anos após o fim da trilogia com Jurassic World: Domínio, Hollywood não perdeu tempo ao recomeçar esta história, que promete ter uma atmosfera mais assustadora e dinossauros mutantes. O resultado? Jurassic World: Recomeço é um filme sessão pipoca que serve entretenimento, mas desperdiça o principal: o potencial de uma boa trama.
É o tipo de filme que diverte e sabe prender a atenção com cenas tensas, a elegância assustadora dos dinossauros e o leve toque de terror. Mas sinceramente? Não espere mais do que isso.
Com direção de Gareth Edwards, Jurassic World: Recomeço se passa cinco anos após os eventos de Jurassic World: Domínio. Mas antes, a trama traz um flashback de 17 anos atrás ao mostrar o funcionamento de um laboratório que arquitetava e realizava o processo de mutação dos dinossauros. Até que, um dia, a situação sai do controle, desligando o local totalmente.
Nos dias atuais, a população já não suporta mais a ideia da existência dos dinossauros, muito menos quando algum, acidentalmente, surge na cidade. E isso faz com que grandes museus, que preservam tais relíquias jurássicas, percam o prestígio e dinheiro.

Já para os dinossauros ainda existentes, a Terra não é mais um planeta 100% habitável, como as condições climáticas de oxigênio e alimentos, restando apenas uma ilha isolada no Equador para sobreviver em paz, onde o acesso é totalmente proibido.
Crítica: Jurassic World: Domínio
Mas é claro que o homem e sua ganância em poder e lucro falam mais alto e, assim, conhecemos Martin Krebs (Rupert Friend), dono de uma empresa milionária que deseja aumentar os anos de vida ee produzir remédios eficazes à humanidade a partir do DNA jurássico.
Para isso, ele contrata os serviços de Zora Bennett, uma especialista em operações secretas, capaz de liderar uma missão em um local extremamente perigoso. Mas para coletar o material genético de três espécies colossais, ela conta com a ajuda da expertise do paleontólogo Dr. Henry Loomis; e Duncan Kincaid, líder da equipe em que Zora mais confia; e, é claro, Martin Krebs, que vai se certificar de que seu dinheiro está sendo bem gasto e a missão será bem executada.
Mas é claro que em uma missão arriscada como esta, nada será fácil. E a situação complica quando o grupo precisa resgatar uma família de sobreviventes, que naufraga após o barco ser atacado por dinossauros aquáticos.

Jurassic World: Recomeço apresenta uma premissa com potencial, pela forma como descrevo. E poderia ser melhor, se realmente se importassem em contar uma boa história, especialmente por se tratar de um recomeço de uma possível trilogia. No entanto, o maior erro é entregar uma história extremamente genérica e vazia.
Já temos o sucesso de Jurassic Park, além da primeira trilogia Jurassic World que começou bem e terminou a trancos e barrancos. Um intervalo maior entre os filmes seria o ideal, até mesmo, deixar esta saga em descanso por completo, mas já que decidiram retornar, porque não contar uma história que faz o público realmente se importar com o que está acompanhando?
Temos uma trama em que vemos um conglomerado farmacêutico em busca de benefícios milagrosos à humanidade, mas na verdade, está pensando apenas em mais poder e lucro. Assim, decidem atormentar a vida dos dinossauros que estão em seu único habitat; os personagens lutam por suas vidas, enquanto cada um percebe a real intenção uns dos outros.
Novamente, há uma trama reciclada e com menos importância aqui. Sem relevar o desenvolvimento pobre de uma trama genérica, Jurassic World: Recomeço é aquele filme ‘sessão pipoca’ que pode entreter o público com o drama e a aventura de sobrevivência nesta ilha isolada.

Apesar da trama empobrecida, o filme acerta na aventura perigosa com cenas tensas e agoniantes, além dos riscos para escapar de criaturas gigantescas. O filme não hesita em matar alguns personagens, criando uma atmosfera de medo, cujo toque de terror é bom e até poderia ser maior, viu?
Jurassic World: Recomeço acerta nos efeitos e CGI dos dinossauros e em sua elegância assustadora no minuto em que aparecem na tela, iniciando o caos a seguir. Um dos dinossauros que mais esperava ver é o dinossauro mutante, que tem a cabeça similar ao de um Alien, e sua imagem é, de fato, apavorante. Infelizmente, tal criatura aparece no início e apenas no fim, e gostaria que o tempo de tela fosse maior, a fim de criar uma atmosfera de medo mais forte em torno dos personagens.
Ainda assim, tal atmosfera se mantém com as diversas criaturas jurássicas que os personagens encontram durante a missão.
Sobre os personagens, o roteiro de Jurassic World: Recomeço não se importa se o público vai torcer por eles ou não, o que é negativo. O filme deixa claro que a intenção deles é meramente lucrativa e não faz questão de esconder que o dinheiro fala mais alto para todos. O lado mais humanizado surge na luta pela sobrevivência quando as verdadeiras intenções de cada um são expostas.
Ainda assim, o público não vai torcer pelos personagens o tempo todo, apenas em momentos específicos, justamente pelo fato da história não saber criar firmemente uma conexão e aproximação maiores.

Scarlett Johansson está bem no papel e entrega uma Zora que deseja realizar a missão para ter o seu merecido pagamento. Mas aos poucos, ela nota que quer deixar uma marca positiva do seu trabalho, além do lucro. E tal sentimento é cutucado tanto pelo Henry quanto pelo Duncan, que já passou por situações semelhantes ao dela.
Jonathan Bailey é um Henry deslumbrado por ficar frente a frente às criaturas elegantes e perigosas, mas pé no chão ao ficar ciente sobre a real intenção por trás das promessas sobre curas e benefícios à humanidade.
Já Duncan (Mahershala Ali) é um veterano disposto a cumprir a missão, também ciente dos perigos que lhe esperam nesta ilha isolada, mas agora, com a chance de fazer algo certo e deixar uma marca sua. O trio Scarlett Johansson, Jonathan Bailey e Mahershala Ali é quem segura as pontas nesta aventura, mesmo que seus personagens não sejam tão bem desenvolvidos.

Já o plot da família que naufraga em alto mar repleto de dinossauros aquáticos é uma das coisas mais aleatórias do filme. Quem é sã consciência faz uma viagem de barco com as filhas em um local de alto grau de periculosidade? Adiciona-se o namorado da filha mais velha que, por sinal, até surpreende, saindo da ‘skin’ de preguiçoso para sobrevivente apto e corajoso.
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Mesmo que a subtrama da família seja fora da curva, o filme ainda faz o público se importar com eles, especialmente a menina Bella e sua amizade com o filhote de dinossauro, a Dolores, uma das criaturas mais fofas da história.
Considerações finais
A reta final é clichê e entrega bons momentos de tensão e medo que faz o espectador ficar apreensivo pelos personagens. Confesso que me peguei torcendo pela sobrevivência de todos, especialmente do Duncan, da menina e da Dolores. O desfecho é redondo e com abertura para novas histórias deste universo serem contadas, com novos personagens e um novo elenco.
Jurassic World: Recomeço é um filme sessão pipoca que prende pela tensão em torno da aventura de sobrevivência e o toque de terror na elegância assustadora dos dinossauros. Já no quesito história, o filme entrega algo genérico e superficial.
Jurassic World: Recomeço sabe entreter, mas entrega mais do mesmo em um recomeço que poderia ser muito melhor.
Ficha Técnica
Jurassic World: Recomeço
Direção: Gareth Edwards
Elenco: Scarlett Johansson, Jonathan Bailey, Mahershala Ali, Rupert Friend, Manuel Garcia-Rulfo, Ed Skrein, Luna Blaise, Audrina Mirana, David Iacono, Bechir Sylvain e Niamh Finlay.
Duração: 2h14min
Nota: 2,5/5,0