Em 1996, o público assistiu pela primeira vez a um filme sobre um jogo de tabuleiro muito misterioso e um pouco assustador para os mais novos naquela época, fazendo com que muitos se apaixonassem por essa história aventureira e perigosa que Jumanji nos proporcionou. Após 21 anos, tiveram a ideia de fazer um novo filme com o mesmo título e a mesma proposta, algo que me deixou um tanto quanto receosa, criando pré-conceitos negativos. Mas, me precipitei e quebrei a cara! Dirigido por Jake Kasdan, Jumanji: Bem-Vindo à Selva (Jumanji: Welcome To The Jungle) é uma grata surpresa que traz uma aventura prazerosa e uma comédia leve e divertida para todas as idades.
A trama começa com um garoto que recebe do pai um jogo de tabuleiro um tanto quanto estranho, afinal, quem brinca com esse tipo de jogo quando se tem o videogame? Mas parece que o tabuleiro tem ouvidos e, assim que escuta tal reclamação, o jogo se transforma em uma fita de videogame, justamente para agradar o seu jogador. A partir daí só sabemos que um clarão verde invade o quarto do menino, fechando a cena e levando ao público para conhecer nossos protagonistas.
Spencer, Fridge, Martha e Bethany são quatro adolescentes um tanto quanto diferentes. Spencer é o nerd do grupo, aquele que faz a lição para os outros e não tem tantos amigos assim; Fridge é o típico jogador popular da escola, mas que não leva muito a sério os estudos; Martha é a garota inteligente e tímida, o que a impede de se aproximar direito das pessoas; já Bethany é popular e egocêntrica, aquela garota que se ama e não está nem aí para os outros. Um dia, os quatro são suspensos na escola, levando-os para uma sala esquecida do local. Lá, eles são obrigados a arrumar todos os equipamentos e materiais velhos para reciclagem. Durante a tarefa, Spencer encontra o misterioso jogo Jumanji e, assim que cada um escolhe seus respectivos jogadores, todos são sugados para dentro do videogame. Ao cair na misteriosa selva, Spencer se transforma no Dr. Smolder Bravestone (Dwayne ‘The Rock’ Johnson); Martha vira a jogadora Ruby Roundhouse (Karen Gillan); Fridge se transforma no jogador Moose Finbar (Kevin Hart); e, por fim, Bethany se torna o Dr. Shelly Oberon (Jack Black). O propósito do jogo é quebrar uma maldição imposta pelo vilão Van Pelt (Bobby Cannavale). Assim que for concluído, todos poderão ir embora. Mas como o grupo tem as suas divergências, cabe a eles passarem por cima das diferenças para se unir e passar as árduas fases do Jumanji.
Tenho que confessar que julguei precipitadamente o filme quando vi a primeira divulgação dos atores já caracterizados. Como fazer uma nova história de algo que já fez e faz sucesso até hoje? Mas eu estava enganada! Jumanji: Bem-Vindo à Selva apresenta uma história bem contada, prazerosa de acompanhar, divertida na medida certa e cativante com os seus personagens carismáticos.
O primeiro ponto positivo é a atualização digna e simples do jogo. Se há 21 anos o nosso passatempo eram jogos de tabuleiro, hoje, em 2017, o que mais predomina são os videogames. Sem exageros, o filme transforma o jogo em videogame, só que dos mais antigos, fazendo com que a trama relembre da essência do filme original com um toque atual e um pouco mais tecnológico que condiz os dias atuais.
Assim que entramos no jogo com os personagens, nos deparamos com um CGI bem feito e bem atualizado que traz cenários reais de um videogame. Os personagens figurantes falam e agem perfeitamente como os que conhecemos nos jogos, com suas frases de boas-vindas, de efeito, explicações sobre o objetivo de cada fase, como derrotar o vilão e a despedida ao concluir o jogo. Além disso, o filme toma o cuidado de revelar quantas “vidas” cada jogador tem e, uma vez que todas as chances são gastas, as consequências não são nada legais.
O mais legal é que o filme também mostra os poderes e as fraquezas de cada jogador com apenas um toque no peito. Por exemplo, Dr. Bravestone tem uma força única, corre rápido e é expert em alpinismo; Ruby possui a arte da luta-dança, porém sua fraqueza é o veneno; Finbar é especialista em zoologia e seu ponto fraco é comer bolo; já Dr. Shelly é expert em cartografia. Quando eles perdem uma vida, eles desaparecem e surgem novamente como se nada tivesse acontecido, exatamente com o que estamos acostumados a ver nos videogames.
O roteiro desenvolve bem a história sem torná-la cansativa. Pelo contrário, a aventura é bem prazerosa de acompanhar e o alívio cômico é no timing certo. Por termos The Rock, Black e Hart juntos, pode ser que alguns acreditem que o filme terá piada atrás de piada, mas nada disso acontece. A comédia vem em boa dose e tenho certeza que muitos vão dar boas risadas com todos eles. Outra coisa que alguns podem esperar são as diversas referências ao filme original. O que posso dizer é que isso acontece apenas uma vez, o que é bom, porque isso significa que o filme caminha com suas próprias pernas.
Jogadores
A química do grupo funciona muito bem e é divertida, pois temos quatro adolescentes em corpos adultos. Dwayne Johnson consegue incorporar bem a personalidade de Spencer e ver aquele homem enorme dando socos mortais e com medo de bichinhos é sensacional. Outro que ganha destaque é Jack Black que, pra mim, é o melhor do grupo. Todos os trejeitos de Bethany são bem executados por Black, proporcionando ótimas risadas, mas sem exagerar. Já Kevin Hart traz um Fridge nada satisfeito por estar em um corpo menor e ainda receber ordens de Spencer, quando o contrário acontece no mundo real. Aliás, ver alguns impasses entre Spencer e Fridge traz alguns atritos para dentro do jogo, tornando a situação mais legal de ser assistida. Já Karen Gillan incorpora Martha tímida em uma jogadora forte e que luta muitíssimo bem. Para mim, todas as cenas dela são ótimas. A única coisa que fica desejar é quando rola uma aproximação dela e Spencer dentro do jogo. Soa um pouco forçado.
A grande surpresa no filme é a participação do cantor Nick Jonas. Dentro do jogo, ele é o piloto Jefferson McDonough que ajuda bastante o grupo a passar por uma das fases mais difíceis do Jumanji. Não vou falar muito sobre ele. Assista e descubra mais sobre esse personagem misterioso.
Claro que um jogo precisa de um vilão e tal responsabilidade fica por conta de Bobby Cannavale na pele de Van Pelt. No entanto, achei o vilão fraco, enquanto que os obstáculos são bem mais instigantes e assustadores. Tudo bem que quase todos os empecilhos que o grupo enfrenta são arquitetados por Velt, mas sua presença em si não causa tanto medo quanto eu esperava.
Com relação ao grupo de adolescentes, o público passa a conhecê-los melhor dentro do jogo do que fora, mas o tempo em tela é o suficiente para o espectador curtir cada um.
Considerações finais
Jumanji: Bem-Vindo à Selva é uma grata surpresa que chega ao mundo cinematográfico com uma história bem desenvolvida, personagens carismáticos, pouquíssimo apoio na trama original, cenários bem feitos e reais e um alívio cômico na medida certa. Jumanji é uma boa dica para a galera assistir durante as férias.
Ficha Técnica
Jumanji: Bem-Vindo à Selva
Direção: Jake Kasdan
Elenco: Dwayne Johnson, Jack Black, Karen Gillan, Kevin Hart, Bobby Cannavale, Nick Jonas, Alex Wolff, Madison Iseman, Ser’Darius Blain, Morgan Turner, Rhys Darby, Tim Matheson, Missi Pyle, Maribeth Monroe e Marc Evan Jackson.
Duração: 1h59min
Nota: 8,0