O Universo Invocação do Mal ganha mais um capítulo em que o público irá descobrir mais um trecho sobre a história da boneca demoníaca que despertou o medo e interesse desde sua primeira aparição em 2013. Se no primeiro filme vimos a capacidade de sua força, enquanto o segundo nos conta a origem de seu mal, Annabelle 3 – De Volta Para Casa (Annabelle Comes Home) é o recorte após os eventos vistos no primeiro longa, revelando um mal apenas contido, mas uma força sobrenatural capaz de despertar o que há de ruim ao redor, iniciando uma noite de horror sem fim e fortalecendo uma história que começa fraca, mas entra nos eixos.
Dirigido por Gary Dauberman. Annabelle 3 inicia a narrativa um ano antes, quando Ed e Lorraine vão buscar a boneca ao final do primeiro filme (caso você tenha visto, já sabe o que ocorre). No caminho de volta para casa, o casal se depara com um acidente e, logo em seguida, o carro apresenta defeitos e para diante de um cemitério. É neste momento que Lorraine percebe que o mal de Annabelle precisa ser interrompido o quanto antes e, para isso, não basta apenas uma benção do padre. Assim, a boneca é trancada em uma caixa de vidro dentro da famosa sala de artefatos do casal, que é benzida semanalmente devido ao excesso de forças do mal contidas entre quatro paredes.
Um ano depois, o público acompanha a rotina da família Warren, relembrando o caso em que o casal foi questionado como herói ou vilão nos jornais, o que deixa a filha deles, Judy, preocupada, uma vez que ela sabe sobre a profissão dos pais e, por causa disso, sofre bullying na escola. O ponto mais interessante é que Judy também tem o mesmo dom da mãe de ver fantasmas, além de ter uma intuição fortíssima. Quando Ed e Lorraine precisam sair para uma nova missão, Judy fica sob os cuidados da babá Mary Ellen que, de surpresa, recebe a visita da melhor amiga Daniela, que não esconde sua curiosidade em conhecer a casa dos Warren. A garota tem segundas intenções com relação à sala de artefatos e, teimosamente, decide abrir a porta e vasculhar pelos objetos. O pequeno detalhe é que por ser curiosa demais, ela acaba deixando o vidro aberto onde Annabelle está, e é desta forma que todo horror se inicia.
Crítica: Turma da Mônica – Laços
Annabelle inicia sua jornada com o pé esquerdo no primeiro filme, se corrige no segundo ao apresentar a sua origem (é o meu preferido) e, agora, mantém o caminho certo neste terceiro longa por vários fatores. O primeiro e o principal é que o filme não se apoia totalmente na boneca, uma vez que ela é apenas um canal para que a força do mal caminhe para a sua possível possessão, além de despertar o sobrenatural que há em volta. Isso faz com que a presença da boneca no filme seja mais pontual, servindo de alerta aos personagens de que algo de ruim vai acontecer.
O segundo fator é que a trama não se move pelas ações do casal Warren, uma vez que eles saem de cena e, sim, pelo trio de garotas que conseguem segurar as pontas do começo ao fim. McKenna Grace entrega uma Judy triste por sofrer bullying e desperta ao perceber que tem o mesmo dom da mãe, o que a deixa sempre em alerta sobre o que pode encontrar ao olhar para os lados. Ela é a conexão forte do filme, que move a trama, fazendo uma versão mirim de Lorraine quando o assunto é lidar com as entidades. Ela vive com pais que trabalham com isso e, logo, ela mostra que tem conhecimento sobre esse poder mais sombrio, o que fica bem estruturado na narrativa.
Quem dá o ponta pé para o horror é Daniela (Katie Sarife) e, de cara, o espectador não compreende a razão dela tanto querer entrar na sala de artefatos, criando a primeira impressão de uma garota teimosa com uma atitude extremamente estúpida. Mas o filme não deixa a trama cair em um clichê desastroso e, logo, entrega a grande motivação que faz Daniela desencadear uma reação em cadeia aterrorizante dentro da casa em apenas 24 horas. Já a babá Mary Ellen (Madison Iseman) é quem tenta segurar as pontas junto com Judy, especialmente quando ela fica de frente com o mal mais de uma vez. Ela tem ações mais lentas, que só não prejudicam porque sua coragem ganha mais força na tela.
Vera Farmiga e Patrick Wilson fazem apenas uma participação especial, já que eles viajam para realizar uma nova investigação, mas ainda assim é fascinante vê-los novamente como o casal de demonologistas.
O horror demora um pouco para engatar, uma vez que o filme dá espaço para as personagens desfrutar dos objetos, além de vasculhar nos quartos e arquivos dos casos solucionados pelos Warren. A ideia é dar pequenas introduções aos elementos e entidades que serão o ápice da história.
Invocações de Annabelle
Quando o filme engata, o roteiro apresenta uma variedade de histórias de terror que, provavelmente, poderão fazer parte do universo de Invocação do Mal. Assim que o mal de Annabelle se liberta, ela desperta outras entidades dentro do museu que desafia as protagonistas, além de fortalecer a essência do terror do filme.
Entre jump scares mais dosados e um medo que pode ser relativo para cada espectador (vai depender do seu nível de sensibilidade com o horror), Annabelle 3 apresenta personagens aterrorizantes dos casos dos Warren, como o Lobisomem do livro O Cão Negro; o Vestido de Noiva que desperta o que há de pior na pessoa ao vesti-lo; o macaco de brinquedo aterrorizante; o jogo de peças amaldiçoado; a lenda do Barqueiro e suas moedas; a televisão que revela ações futuras, entre outras coisas. A sala se torna um grande museu curioso que faz o público caçar por objetos já foram vistos e desvendados nos filmes anteriores.
No geral, todas as subtramas funcionam, porém, o mais fraco é o arco do Lobisomem que acaba se tornando fantasioso demais, o que pode fazer o público não se adequar muito com a ideia. Eu particularmente não curti tanto. Já o vestido branco e o barqueiro instigam a curiosidade, podendo render ótimas histórias de terror, se forem bem desenvolvidas.
O terceiro ato caminha para solução do problema, entregando um desfecho simples e sem tantas ousadias e surpresas, com um final justo para todos os envolvidos.
Considerações finais
Annabelle 3 – De Volta Para Casa mantém o caminho certo e ganha relevância por não se apoiar somente na figura da boneca, abrindo espaço para novas entidades personagens ajudarem no desenvolvimento da história que, por sinal, engatinha bem pelas ações do trio de protagonistas que misturam coragem e medo em meio a sustos e momentos de aflição bem estruturados na narrativa.
Annabelle 3 também abre possibilidades para que novas histórias sejam criadas a fim de expandir o universo de terror que conquistou milhares de fãs. E se você adora, com certeza vai assistir este e torcer para que novos sejam lançados no futuro.
Ficha Técnica
Annabelle 3 – De Volta Para Casa
Direção: Gary Dauberman
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, McKenna Grace, Madison Iseman, Katie Sarife, Michael Cimino, Samara Lee e Luca Luhan.
Duração: 1h46min
Nota: 7,3