Para ser bom, um filme de terror tem que saber criar uma atmosfera aterrorizante e usar vertentes assustadoras este universo dispõe. É exatamente isso que A Casa do Medo – Incidente em Ghostland (Incident in a Ghostland) faz, um filme que sabe misturar terror psicológico com uma violência angustiante. É quase impossível você não se sentir aflito com certas cenas.
Dirigido por Pascal Laugier, após a morte da tia, Pauline (Mylène Farmer) e suas filhas herdam sua casa. Durante a primeira noite em seu novo lar, assassinos entram no local e deixam Pauline em uma situação em que ela deve lutar para salvar a vida de suas filhas. Quando as meninas sofrem um terrível trauma durante a noite, suas personalidades divergem ainda mais. Dizem que a filha mais velha, Beth (Emilia Jones/Crystal Reed), se tornou uma famosa escritora de horror com uma vida perfeita em Los Angeles, enquanto sua irmã, Vera (Taylor Hickson/Anastasia Phillips) não consegue conviver com os acontecimentos e perde a cabeça diante de um sentimento inabalável de paranoia. Após 16 anos, filhas e mãe se reencontram na mesma casa. É então que estranhos eventos começam a acontecer.
A Casa do Medo pode ser considerado bom por entregar um roteiro que sabe segurar bem o mistério, entregando a reviravolta no timing certo, bem quando o espectador já está bem absorvido na trama. Não é um filme previsível e nem se apoia no excesso de clichês, como muitos filmes de terror fazem e, às vezes, decepcionam, mas é uma história que pode gerar certa confusão.
Assim que nos deparamos com a grande tragédia que ocorre dentro da casa, somos levados 16 anos a frente, em que acompanhamos Beth, sua família perfeita e seu sucesso como escritora de histórias de terror, um talento que ela alimenta desde muito nova. No entanto, quando ela precisa retornar para a antiga casa para visitar a mãe e a irmã doente, o filme faz o espectador entrar em um looping de realidade e ilusão. É aqui que a trama irá testar sua atenção, pois as pistas para o grande plot twist estão nas entrelinhas e, por um determinado momento, é possível cogitar uma hipótese sobre o rumo do filme quando, na verdade, ela te apresenta outro caminho.
É isso que torna a história interessante, pois acompanhamos a trama pelo ponto de vista de Beth que, a princípio, não sabemos se ela está relembrando, se há algum fantasma/espírito atordoando sua mente sobre o passado trágico, ou se ela pode estar vivendo a história que escreveu, uma vez que seu mais novo best-seller leva o mesmo nome do filme.
Se o terror psicológico é desenvolvido para criar essa ponte de realidade e fantasia, o filme também utiliza da violência bruta para relembrar a época tenebrosa vivida pela mãe e as filhas.
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Sem marcar tempo ou entregar qualquer pista nítida, o filme repentinamente volta no tempo para contar os momentos horríveis que elas vivem sob as mãos de dois assassinos tenebrosos que, por sinal, são construídos como personagens saídos de um livro de terror, dando um ponto positivo ao longa. A princípio, não se sabe quem são ou o que querem, se concentrando apenas em suas brutalidades e construindo cenas angustiantes de assistir, com uma violência crua e doentia, tudo isso dentro de uma atmosfera claustrofóbica criada pela casa horrenda, sombria e repleta de bonecas medonhas, que tem um significado, mas você só vai descobrir se assistir.
Além dos cenários e de um roteiro satisfatório, A Casa do Medo dá certo porque o elenco funciona bem e as personagens estão bem construídas. Não há grandes destaques de atuação, mas gostei de ver a versão jovem e adulta de Beth, interpretada pelas atrizes Emilia Jones e Crystal Reed. A verdade é que o filme poderia ter visitado um pouco mais a versão adulta de Beth, ter mostrado com mais detalhes a vida de escritora, suas inspirações e até que ponto essas histórias que escreve podem mexer com sua mente. É possível se sentir curioso sobre sua carreira, especialmente sobre seus livros.
Considerações finais
Com um final de puro alívio – após tanta aflição – A Casa do Medo – Incidente em Ghostland pode ser considerado um filme de terror psicológico, torturante e violento. O roteiro entrega uma história que prega peças e dá um desfecho satisfatório. Há cenas que poderiam ser descartadas, enquanto outras poderiam se estender um pouco para matar a curiosidade sobre certos detalhes. No geral, é um terror que não desaponta.
Ficha Técnica
A Casa do Medo – Incidente em Ghostland
Direção: Pascal Laugier
Elenco: Crystal Reed, Mylène Farmer, Anastasia Philipps, Emilia Jones, Taylor Hickson, Rob Archer e Adam Hurtig.
Duração: 1h31min
Nota: 7,0
Primeira crítica decente que eu vejo desse filme.. Muito bom!!
Obrigada Ana Paula!
Beijos!
Adorei a crítica, faz uma resenha saudável do filme. Importante acrescentar que ao assistir esse tipo de filme, você não aguarda muito, mas te surpreende pelo caminho que toma