Olhos da Justiça e Presságios de um Crime foram os últimos filmes sobre crime, mistério e investigação que assisti. Agora, me deparo com Versões de um Crime, cuja sinopse me chamou a atenção, já que curto bastante esse tipo de gênero, principalmente quando um crime está cheio de reviravolta e pistas que fazem você acreditar em uma coisa quando, na verdade, a história é completamente outra.
Dirigido por Courtney Hunt, a trama conta a história do advogado Ramsey (Keanu Reeves) que enfrenta o tribunal para defender Mike (Gabriel Basso), acusado de ter assassinado o seu pai, Boone (James Belushi). No entanto, as coisas pioram quando o garoto confessa ter matado o pai, enquanto a mãe, Loretta (Renée Zellweger) faz de tudo para tirar o filho da prisão. Para completar, Mike se recusa a dizer o que, de fato, aconteceu no dia do crime, complicando ainda mais a construção de defesa de Ramsey. Assim, ele conta com a ajuda da advogada Janelle (Gugu Mbatha-Raw) que volta ao trabalho após passar por complicações emocionais e psicológicas. O destaque da moça é que ela possui faro para mentiras, ou seja, será fácil detectar quem está falando a verdade ou não na frente do juiz.
O que me chamou a atenção no filme é o roteiro. Por mais que ele não traga nada tão surpreendente ou novo para o cinema, o roteiro é bem desenvolvido e desmembra o crime de forma sutil, fazendo o espectador ficar confuso, mas não de um jeito negativo. No tribunal, o público é apresentado aos fatos que cada advogado (acusação e defesa) e testemunha nos contam, enquanto outras imagens surgem na tela dizendo o contrário. Afinal, Mike matou o seu pai ou não? Boone, de fato, é uma pessoa agressiva ou não? Loretta tinha uma relação abusiva com o marido? Essas e outras perguntas passam pela cabeça de quem está assistindo, pois o roteiro brinca justamente com isso: enquanto as palavras dizem uma coisa, as imagens revelam outras facetas da história. No entanto, é preciso prestar atenção na forma como o filme introduz a pista, pois se o espectador estiver distraído ou com sono, poderá ficar confuso, mais do que o próprio filme já deixa.
Personagens
Talvez, público fique receoso e até se irrite com a calma e a serenidade dos personagens. Calma que já vou explicar.
Keanu Reeves volta ao cinema na pele de um advogado que, no primeiro instante, está com as mãos atadas, afinal, seu cliente se recusa a dizer a verdade. Ele é calmo durante o julgamento, enquanto que o espectador fica ansioso para que o mistério seja logo desvendado após tantas pistas pela metade. É um personagem que não desperta a torcida a favor dele, mas também você não fica contra. Você apenas deseja que o caso seja resolvido.
Assim como Ramsey, Renée Zellweger (O Bebê de Bridget Jones) entrega uma Loretta calma até demais. Essa tranquilidade chega a ser muito suspeita pra quem está desesperada para tirar o filho da cadeia. É como se ela tivesse certeza de que o pior não vai acontecer.
Já Mike, interpretado por Gabriel Basso, irrita bastante com o seu silêncio, mas assim que ele começa a falar, o espectador compreende as razões dele ter ficado quieto por tanto tempo, além de começar a juntar as peças deste quebra-cabeça.
Infelizmente, a personagem de Gugu Mbatha-Raw não foi tão bem aproveitada. Janelle tem o dom invejável de detectar mentiras e tal talento poderia ter dado um gás na trama se os roteiristas tivessem aproveitado mais dele e dado mais espaço para ela no filme. O roteiro optou por mostrar uma advogada com medo de retornar ao trabalho ao invés de voltar com tudo para mostrar o que sabe. Uma pena o filme não ter aproveitado melhor a personagem.
Outro personagem que também poderia ter sido mais aproveitado é Boone, interpretado por James Belushi. O filme mostra duas versões de sua personalidade para confundir o espectador, de forma positiva. Mas, na minha opinião, queria ter visto um pouco mais da sua história e as razões que o levam para agir da forma como ele age com a esposa e o filho.
Considerações finais
O final é a grande chave do filme, pois quase todas as dúvidas que o espectador cria ao longo da trama são respondidas. No entanto, enquanto algumas dúvidas têm a suas devidas respostas, outras ficam no ar e aí que se encontra o elemento surpresa do filme. Versões de um Crime não tem nada de inovador e as interpretações podem ficar a desejar para algumas pessoas. No entanto, o roteiro é bem estruturado e desenvolvido, cujo desfecho pode ser surpreendente para alguns e apenas satisfatório para outros. Versões de um Crime é aquele suspense que, com certeza, você assistiria na Tela Quente, no Domingo Maior ou Corujão, deitado no sofá, curtindo a uma pipoca.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Versões de um Crime
Direção: Courtney Hunt
Elenco: Keanu Reeves, Renée Zellweger, Gabriel Basso, James Belushi, Gugu Mbatha Raw, Ritchie Montgomery, Jim Klock, Christopher Berry e Nicole Barré.
Duração: 1h34min
Nota: 6,9