A geração youtubers dominou a cabeça de muitos jovens e adultos. Não vou negar: acompanho muitos canais e admito que a maioria traz conteúdos de qualidade e muito entretenimento, afinal, às vezes a gente só quer assistir algo que nos divirta e ajude-nos a relaxar depois de um dia turbulento, não é mesmo? Mas a era dos influenciadores digitais foi para outro patamar tornando pessoas comuns em celebridades e exemplos que podem ser seguidos (ou não). A cada dia vemos essa comunidade crescer e dominar outras plataformas como rádio, televisão e, agora, o cinema.
Depois de É Fada (não assisti, por isso não vou opinar) e Eu Fico Loko (o filme é legal), Internet – O Filme chega para reunir os maiores youtubers para falar sobre internet. Por que não? Mas, diferente dos dois primeiros filmes que são histórias fictícias (sendo a segunda baseada em fatos reais) a trama escrita por Rafinha Bastos e dirigida por Filippo Capuzzi Lapietra reúne essas figuras para contar seis histórias que se passam no mesmo cenário, uma convenção digital. Parece coincidência, mas a verdade é que os próprios youtubers interpretam estereótipos que encontramos por aí nas redes sociais: o cara arrogante longe das câmeras; o cuzão; o garoto viciado em games; a menina que alcança a fama instantânea com um vídeo sincero; o casal apaixonado que é shippado pelo seu público e por aí vai. Antes de falar do roteiro, quero deixar algo claro: Internet – O Filme pode não ser “aquela Brastemp”, mas com certeza vai conquistar os fãs que acompanham youtubers presentes no filme. E esse público não é pequeno, tá?
O roteiro se divide em seis esquetes que acontecem ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Por um momento, o público acredita que todas as tramas irão se cruzar em determinado momento, como acontece em Noite de Ano Novo (alguém já assistiu?), mas apenas duas histórias fazem isso, enquanto as demais ocorrem paralelamente com começo, meio e fim, sem nenhuma complexidade. Quem acompanha canais no YouTube sabe os tipos de piadas, sacadas e memes que são usados e a história usa e abusa dessa artimanha, ou seja, é como se o espectador estivesse assistindo algum vídeo da plataforma só que no cinema. Por exemplo, lembram-se do fervor em volta da youtuber gringa Marina Joyce? Que a garota mandava mensagens subliminares de “AJUDA” nos vídeos? O filme brinca com essa mensagem subliminar em uma das esquetes e quem está por dentro desses acontecimentos, como este, vai rir bastante. Isso sem contar em outras referências de memes (como “Para Nossa Alegria”) e brincadeiras que vemos direto nas redes sociais. É um prato cheio para dar boas risadas.
Mas, da mesma forma que o filme apresenta piadas e sacadas rápidas, boas e inteligentes, há outras que são bem toscas e algumas chegam a ser um pouco ofensivas. Piadas sobre pessoas gordas, por exemplo, é algo que já cansou. Uma história que me incomodou um pouco foi a do desafio dos amigos Tito (Julio Cocielo), Rafa (Igão Underground) e Vepê (Teddy), sendo que um deles precisava passar uma noite com uma moça gorda para ganhar uma passagem para Los Angeles. Acho que eles poderiam ter feito uma história bem mais superior do que essa.
Outro personagem que me incomodou foi a do youtuber Cauê Moura. Ele simplesmente só aparece em cena para falar “Que Bosta”. Que bosta digo eu, né? Falar uma vez tudo bem, mas falar só isso o filme inteiro é um pé no saco. Sério que eles chamaram o Cauê para fazer isso? O que o salva é a última história, quando o seu personagem interage com Deus (Mr. Catra) e o Anjo Gabriel (Victor Meyniel). Mas só também.
Assim como algumas histórias podem irritar, outras são legais de acompanhar, como o surgimento do casal Matheus (Felipe Castanhari) e Natalia (Pathy dos Reis) a arrogância de Uesley (Gusta Stockler) longe das câmeras e as atitudes que ele toma para aumentar a sua fama. Achei legal o filme mostrar esse tipo personalidade, afinal, a internet está recheada de pessoas assim.
De todas as histórias, fiquei intrigada com a trama de Nicolas, interpretado pelo Mauro Nakada. O rapaz é o primeiro a aparecer no filme e dá a entender que seu personagem será o fio condutor da trama, no entanto, ele aparece durante os créditos iniciais e depois some. Qual é a sua trama? Não existe? Sumiu do nada? Ou isso é muito estranho ou é apenas um furo no roteiro que ninguém quis arrumar.
Considerações finais
Seria hipocrisia minha dizer que Internet – O Filme é horrível. Apesar de alguns furos, histórias um pouco irritantes, personagens desnecessários (como a do Caué Moura) e piadinhas toscas, a trama consegue se salvar com piadas inteligentes e sacadas boas e rápidas, igual ao que vemos nas redes sociais. Internet – O Filme é puro entretenimento pra quem quiser rir e relaxar e, sem dúvida, vai agradar os fãs dos youtubers. Já os demais eu não sei. Será uma questão de sorte e de gosto.
E aí, o que acharam do filme? Deixem nos comentários!
Ficha Técnica
Internet – O Filme
Direção: Filippo Capuzzi Lapietra
Elenco: Rafinha Bastos, Gusta Stockler, Felipe Castanhari, Pathy dos Reis, Teddy, Julio Cocielo, Cauê Moura, Thaynara OG, Christian Figueiredo, Rafael Cellbit, Mr. Poladoful, Mauro Nakada, Igão Underground, Paulinho Serra, Gabi Lopes, Mauricio Meirelles, Polly Marinho, Mr. Catra, Victor Meyniel, Micheli Machado, PC Siqueira, JB Banguela, Palmirinha Onofre e Raul Gil.
Duração: 1h36min
Nota: 5,9