Para superar um amor que não deu certo, é preciso deixar partir. Mas, às vezes, nem sempre é fácil dar o primeiro passo. Assim é a premissa de A Galeria dos Corações Partidos (The Broken Hearts Gallery), uma comédia romântica que não vai partir seu coração, mas sim conquistá-lo com personagens carismáticos e uma história na qual a identificação é automática. É uma trama fluída, divertida e real sobre amores que machucam, ensinam, libertam e ajudam a construir melhor a autoestima, determinação e a ter o amor próprio. Um filme para você se encantar e assistir mais de uma vez.

Dirigido por Natalie Krinsky, o filme apresenta Lucy, uma mulher divertida, alto astral, mas que não consegue superar o fim do seu namoro e, para complicar, ela guarda objetos de seus relacionamentos fracassados. Uma noite, ao conhecer Nick, ela tem a feliz ideia de criar uma galeria onde as pessoas deixam as lembranças de seus antigos amores, a fim de dar um novo começo para elas.
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A narrativa principal de A Galeria dos Corações Partidos é acompanhar toda a trajetória de Lucy e Nick, principalmente da protagonista, e sua visão sobre desapego. Mas ao mesmo tempo em que Lucy tem a belíssima ideia de ajudar os outros a superar um amor perdido, ela entra em contradição ao não conseguir se desapegar dos seus relacionamentos, especialmente com Max, que termina com ela por ainda ser apaixonado pela ex-namorada, que está de volta. Com o término e a recente demissão do emprego em uma galeria renomada, Lucy se vê totalmente perdida, até seu caminho se cruzar com o de Nick.

Do outro lado temos Nick, um rapaz dedicado a construir o seu próprio hotel, mas frustrado por não ter suporte financeiro suficiente para isso. Por trás disso, ele também carrega certo ressentimento de um amor fracassado, mas que vai superando aos poucos ao se juntar a Lucy e dar início ao novo projeto.
O filme nos dá a ideia de que dois corações partidos podem se juntar, no entanto, a história trabalha bem os personagens sem apressar algum tipo de relacionamento ou flerte, mas, sim, curar feridas não cicatrizadas, trabalhar a autoestima e o amor próprio com o objetivo de que cada um reavalie toda a sua trajetória e o que pode ser melhorado e transformado. Por mais que o espectador torça para que um novo casal apareça de imediato, Nick e Lucy garantem uma química verdadeira de uma amizade que se inicia ao acaso.
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A dupla Geraldine Viswanathan e Dacre Montgomery entrega personagens machucados e ressentidos, em que o carisma e as emoções ajudam ambos simultaneamente, sem que um largue a mão do outro. A química dos atores é equilibrada, divertida e espontânea, elementos que conquistam o espectador imediatamente.

Junto ao desenvolvimento dos protagonistas, A Galeria dos Corações Partidos tem como foco a construção da tão esperada Exposição em que o público se depara com outras histórias sobre corações partidos. O filme acerta ao entregar depoimentos de personagens que relatam o relacionamento fracassado e a razão para colocarem determinados objetos na galeria, a fim de seguir em frente de uma vez por todas. É neste momento em que as emoções afloram, seja por um depoimento sarcástico que diverte ou um depoimento mais sensível. No entanto, o filme não aborda apenas o amor de um casal, mas também relações fraternais, maternais e amizades que também podem machucar e minguar.
No entanto, gostaria que o filme tivesse aprofundado um pouco mais nesta parte, dedicasse mais tempo às histórias para que o público criasse uma identificação maior. Ainda assim, isso não prejudica o filme.

Junto aos protagonistas e a temática agridoce, tudo fica ainda melhor com os personagens coadjuvantes, com destaque para as melhores amigas de Lucy. Amanda (Molly Gordon) é aquela amiga para toda a hora, cujo coração é um pouco empedrado, com comentários sarcásticos, radicais e extremamente sinceros, o que a torna uma amiga tão fabulosa e realista. Nadine (Phillipa Soo) é mais sensível ao amor e ótima em terminar relacionamentos, pontos que ajudam Lucy a enxergar melhor a situação. O trio tem uma química excelente que funciona do início ao fim.
Além delas, temos as participações de Max (Utkarsh Ambudkar), ex-namorado de Lucy, que dá uma boa chacoalhada na vida da protagonista; e Marcos (Arturo Castro), amigo de Nick, que lhe dá apoio e aquela mãozinha nos momentos cruciais.
Considerações finais
O desfecho é clichê mas, no fim das contas, funciona bem e o espectador se sente satisfeito por ter acompanhado uma história boa. A Galeria dos Corações Partidos é uma comédia romântica leve, divertida e emocionante, que mostra que ter o coração partido não é o fim do mundo, mas com o tempo é importante aprender a superar, desapegar e seguir em frente para não só ser feliz novamente, como também ter pequenas alegrias, amor próprio e autoestima, cabendo a cada um construir o seu, sem deixar que os eventos externos interfiram permanentemente. Com certeza, é um filme para assistir mais de uma vez.
Ficha Técnica
A Galeria dos Corações Partidos
Direção: Natalie Krinsky
Elenco: Geraldine Viswanatha, Dacre Montgomery, Utkarsh Ambudkar, Molly Gordon, Phillipa Soo, Bernadette Peter, Arturo Castro, Nathan Dales, Ego Nwodim, Suki Waterhouse e Sheila McCarthy.
Duração: 1h48min
Nota: 7,8