The Handmaid’s Tale chegou sorrateiramente no mundo das séries, tornando-se uma das obras mais fortes e atuais para todos, especialmente nós mulheres. O programa apresenta uma temática intensa, desconfortável de assistir, violenta em certos momentos, mas extremamente importante para uma sociedade que ainda está coberta de preconceitos e machismos. A 1ª temporada nos mostrou esse mundo distópico triste e devastador e, agora, retorna para detalhar ainda mais esse ambiente frio e triste, mas também mostrar que as mulheres ainda tem voz e irão lutar por sua liberdade.
Pra quem não se lembra, The Handmaid’s Tale é uma série baseada na obra de Margaret Atwood (O Conto da Aia) que se passa na distópica Gilead, uma sociedade totalitária que já fez parte dos Estados Unidos. Enfrentando desastres ambientais e uma taxa de natalidade em extrema queda, Gilead é governada por um fundamentalismo religioso que trata mulheres como propriedade do Estado. Como uma das poucas mulheres férteis, Offred é uma serva (aia) na casa do comandante, fazendo parte de uma das castas de mulheres forçadas à escravidão sexual para repovoar um mundo acabado. Nesta sociedade aterrorizante, onde uma palavra errada pode acabar com sua vida, Offred vive entre comandantes, suas esposas cruéis e seus servos com um único objetivo: sobreviver e encontrar sua filha que lhe foi arrancada dos braços.
Não posso negar que sempre me sinto desconfortável quando termino de assistir ao episódio. Não pela série ser ruim, muito pelo contrário, ela é maravilhosa e um dos grandes marcos atuais da televisão; mas porque o programa tem como objetivo incomodar com a presença da violência física e psicológica, fazendo com que os telespectadores sintam na pele esse sofrimento agudo e tenham vontade de socorrer os personagens a qualquer custo.
The Handmaid’s Tale retorna nos dando um belo susto ao colocar as aias diante da forca, logo após os eventos da quase morte da aia Lidiane. Quem teve a mesma atitude de June (em não jogar a pedra), infelizmente sofre as piores consequências, enquanto a própria é ‘resgatada’ por estar grávida do comandante e sua esposa (mas a gente sabe de quem é o filho, né?).
Se na 1ª temporada vemos as novas leis dominando uma sociedade pega de surpresa, a 2ª temporada mostra essas novas regras sugando, metralhando e diminuindo os grupos enxutos de mulheres, gays, lésbicas, simpatizantes, entre outros. Como exemplo, no episódio intitulado June, vemos a protagonista, interpretada por Elizabeth Moss, tendo a maternidade e suas atitudes criticadas por terceiros, uma vez que ela tem um marido e uma filha e trabalha fora o dia todo. Aqui, fica claro que June se sente recuada e oprimida por ter suas responsabilidades questionadas. Já o episódio Unwomen explora o passado de Emily (Alexis Bledel), uma professora universitária, casada com uma mulher e mãe de um menino. Na faculdade, tentam reduzir suas horas de trabalho com o objetivo de protegê-la para que as novas autoridades não descubram a verdade sobre sua vida. Sem abrir mão da sua liberdade de ir e vir, Emily tenta fugir com sua família, porém somente sua esposa e filho conseguem partir, enquanto ela é mantida na cidade após descobrirem que é fértil.
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Esses dois episódios da season premiere revelam mais flashbacks que nos ajudam a entender a história e amarra bem o enredo para mostrar a evolução da violência de The Handmaid’s Tale, mas de uma forma mais detalhada, mais lenta, porém gradativa com o intuito de nos dar a sensação de pressão, sufocamento e recuo. Essa nova temporada deverá focar na revolução das mulheres e a busca pela liberdade, mas também na violência extrema como resposta a essa rebelião que está prestes a começar. E a série já nos dá um ‘gostinho’ de como será esse caminho, uma vez que June consegue fugir com a ajuda de Nick, seguida de uma das melhores cenas do episódio: a personagem cortando o cabelo e a orelha (devido à marcação que colocaram nela) e queimando a roupa vermelha que as aias usam. Talvez, a fuga da protagonista tenha sido fácil demais? Sim, mas dá para relevar.
Enquanto acompanhamos a violência massacrar os mais oprimidos, o segundo episódio mostra pela primeira vez as Colônias, lugares medonhos e devastados que nos lembram os antigos campos de concentração nazistas, onde as mulheres castigadas trabalham arduamente, tendo sua saúde debilitada por ficarem vulneráveis a feridas, infecções e contaminações. A cena deixa a discriminação ainda mais nítida quando as autoridades e seus cavalos estão usando proteções e máscaras, e a mulheres não. Aqui temos a participação especial de Marisa Tomei interpretando a ex-esposa de um comandante, o que mostra que nem mesmo as mais religiosas e fiéis à Gilead pode escapar do castigo e da tortura feminina.
The Handmaid’s Tale retorna mais agressiva, violenta e forte, mas nos dá uma luz no fim do túnel, mostrando que chegou a hora das mulheres deixarem a roupa vermelha de lado e lutarem por sua voz e liberdade. Não vejo a hora da revolução começar e ver como Gilead ficará quando for invadida pelos verdadeiros direitos.
O que acharam do retorno de The Handmaid’s Tale? Deixem nos comentários!
Fotos: IMDB
Nota: 8,0