Eu não sei vocês, mas Supergirl está me surpreendendo a cada episódio, adquirindo um tom mais maduro, forte e muito mais emocionante no sentido de mexer bastante com os nossos sentimentos, além de fazer a gente refletir sobre nossas atitudes e o que e como expressamos isso para os outros. Estou falando tudo isso, pois Midvale é o episódio mais diferente de tudo o que a gente viu na série. Desta vez não temos o vilão da vez e nem uma nova missão para embarcar em National City. O episódio é mais intimista e centrado apenas em duas personagens, cujo pedaço do passado de ambas é nos dado de presente de uma forma um pouco triste, mas que ganha proporções bonitas, revelando o início de uma amizade e irmandade que se mantém até hoje.
Para fugir da tristeza do fim de um relacionamento, Kara e Alex viajam para Midvale, cidade onde seus pais moram (quer dizer, só a mãe). A tentativa não é fugir dos problemas, mas dar um tempo de tudo e todos, a fim de respirar para poder pensar melhor nos conflitos emocionais internos que, pelo visto, não é só Alex que tem. Questionada ainda pela distância de Mon-El, Kara continua fechada sem querer colocar pra fora o que está sentindo durante esses meses de separação. A questão acaba virando uma discussão feia entre ela e Alex que, consequentemente, nos faz voltar 10 anos no tempo para conhecermos melhor a relação das irmãs.
Na adolescência e já com a ausência do pai, Alex e Kara não eram as melhores amigas que vemos nos dias atuais. Por ser filha única, Alex não se acostumou com a ideia de ter Kara dentro de casa e ainda a culpa pela morte do pai. Já Kara sofre constantemente o desconforto de não estar no seu verdadeiro lar, sentindo falta de sua família e de seu planeta. Além disso, a rotina fica ainda mais difícil quando não se tem amigos por perto, nem mesmo o companheirismo de Alex.
Na escola, a única amizade que Kara tem é com Kenny Li, um menino inteligente, nerd e que também segue a mesma linha da solidão de Kara justamente por ser diferente. É aqui que o episódio consegue alcançar o ponto mais lindo e o mais triste de todos, pois além de explorar essa amizade bonita e verdadeira, além de um possível amor juvenil, descobrimos que Kara perdeu alguém ainda muito nova. Infelizmente, Kenny é assassinado, deixando todos assustados na cidade e Kara devastada por ter perdido o único amigo que tinha. Ver o sofrimento em seus olhos é de cortar o coração, mas é aqui que a história indica a primeira vez em que a garota guardou o seu sofrimento para si, a fim de dar força para os outros, enquanto ela se despedaçava por dentro. Mas sozinha, com quem ela iria dividir o que estava sentindo?
No meio de tanta tristeza é que se inicia uma amizade tímida e sincera entre Kara e Alex. Desconfiadas de que Kenny havia sido assassinado, elas decidem resolver o caso e entregar o culpado à polícia. Essa cumplicidade instantânea só enfatizou ainda mais a relação que vemos nos dias atuais. Mas voltando ao caso, as duas colocam suas próprias vidas em risco, uma vez que o assassino quer eliminá-las por saberem a verdade. Em meio a tudo isso, Kara é impedida de usar seus poderes, não apenas para esconder a sua verdadeira identidade, mas também para proteger Alex. Novamente, vemos certa repressão com relação à Kara, já que desde aquela época ela sabia que podia ser uma heroína igual ao seu primo Superman, mas a promessa era de se tornar uma mulher normal, com uma vida normal e um trabalho normal. Bom, vimos que esse rumo não foi tomado, não é? Mas foi legal saber como Kara aprendeu a lidar com tudo isso e, ao mesmo tempo, se prejudicar ao reprimir os seus sentimentos. Não vou falar quem é o assassino, mas Kara e Alex conseguem capturá-lo e, para finalizar esse caso, elas dão o primeiro passo para a amizade forte e genuína que conhecemos.
Midvale é um episódio mais intimista e revelador, em que conhecemos o passado de Alex e Kara, como era a relação delas antes e como essa amizade cresceu e fortaleceu. Além disso, o telespectador teve a oportunidade de compreender melhor as razões de Kara ter certa dificuldade em lidar com os seus sentimentos, já que ela precisou reprimi-los desde pequena. Mais uma vez, Supergirl nos envolve em mais um episódio bom e emocionante.
Nota: 8,9
Fotos: Recap Guide