As famosas carinhas que nos salvam nas mensagens de texto saíram do celular e foram parar nos cinemas. Estou falando de Emoji – O Filme, a nova animação da Sony Pictures, que nos conta uma história infantil aos moldes da alta tecnologia que usamos hoje como as redes sociais, os apps de música, jogos e, é claro, o famoso WhatsApp e SMS. A trama desbloqueia o nunca antes visto mundo dentro do celular. No aplicativo de mensagens está Textópolis, uma cidade onde seus emojis favoritos vivem e trabalham. Nesse mundo, eles têm apenas uma função: manter a expressão que lhe foi concebida para ser usado quando o seu usuário o escolher. Infelizmente, Gene não consegue exibir apenas a sua expressão (o famoso Meh), pois ele apresenta um bug capaz de fazê-lo ter múltiplas expressões. Quando tal defeito ameaça a existência do próprio celular, Gene se alia ao seu melhor amigo, o Bate Aqui (High Five) e a lendária emoji decodificadora Rebelde para tentar impedir a destruição. Juntos, esses três amigos iniciam uma aventura dentro do celular, viajando pelos aplicativos para salvar a cidade antes que seja deletada para sempre.
Emoji – O Filme é um filme necessário? Não, mas a ideia de elaborar uma história sobre os emojis é boa, uma vez que a trama é bem desenvolvida. Neste caso, o filme não é 100% positivo e eu vou explicar o porquê. O roteiro desenvolve uma história voltada para o público infantil e a ideia de misturá-lo ao mundo tecnológico é interessante. No entanto, ela não funciona muito bem por alguns motivos. A primeira são os diálogos de efeito, cheios de frases motivadoras que, quando usada várias e várias vezes, torna-se cansativo e maçante demais. A ideia de ensinar as crianças com mensagens de efeito, como por exemplo, “você deve aceitar quem você é de verdade” é legal, mas quando tal mensagem é entregue de uma forma não tão natural e previsível, torna-se chato e nem um pouco atraente. No geral, o roteiro é redondo e até pode ser satisfatório para o público infantil de até sete anos de idade, no máximo. Acredito que crianças maiores que essa idade não se sentirão tão atraídas pelo filme, muito menos os adultos (o meu caso).
Mas, mais do que uma história fictícia sobre os emojis, o filme é a oportunidade certa façam seus respectivos merchans. Em nenhum momento o público irá se deparar com nomes alternativos para os aplicativos. Aqui, o filme deixa claro que os emojis se aventuram pelos famosos apps YouTube, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat, Spotify, Dropbox, JustDance e, assim por diante. Isso sem contar na cena em que um dos emojis utiliza o famoso enxaguante bucal Listerine. Se você for assistir Emoji – O Filme, prepara-se para uma extensa propaganda embutida na história.
Assim que embarcamos na aventura com Gene, Rebelde e Bate Aqui, o público viaja para dentro do celular de Alex, cujo cenário interno do smartphone é dinâmico e funcional, criando uma extensa jornada de um aplicativo para o outro e como cada um funciona. O roteiro também abre espaço para explicar o que acontece quando um aplicativo é deletado. Assim que o app é descartado, vemos a destruição digital de todos os itens, além dos personagens indo para a lixeira. Aliás, a lixeira do celular é um mundo sombrio e triste, onde ficam os vírus, trolls, cavalos de troia etc. No entanto, o roteiro apresenta outra falha. No primeiro instante, ele deixa claro que para ir de um aplicativo para outro, o processo é longo e difícil, ainda mais quando os personagens são perseguidos pelos guardiões antivírus. Em outro momento, vemos os personagens fazendo a mesma caminhada em questão de segundos. Afinal, os aplicativos ficam distantes ou não?
Emojis
Por termos tantos emojis no celular, fica difícil dar espaço para todos. Ainda assim, Emoji – O Filme consegue apresentar os mais usados pelos usuários – como o Cocô, o Diabinho, o Peido, o Rindo de Nervoso, os Macaquinhos, o Engraçado – mas sem se aprofundar muito neles. Assim, não espere uma história de cada um, apenas participações especiais.
O filme foca nos três principais que guiam a aventura do filme. O Gene é o personagem sem expressão. Aquele que não mostra se está feliz ou triste com algo. Simplesmente é um “meh”. É interessante acompanhar o seu conflito interno ao descobrir que sua capacidade de fazer múltiplas carinhas pode destruir a cidade. A forma como ele “buga” o celular do usuário Alex é divertido, pois cria várias situações constrangedoras para o garoto, seja na escola ou na frente da garota que ele gosta.
Rebelde é a famosa emoji hacker que deseja ir para a Nuvem do celular a fim de ter uma vida livre. A sua interação com os amigos, principalmente com Gene, é legal e o público se simpatiza por eles. Infelizmente quem não me conquistou foi o Bate Aqui (High Five). Responsável por ser o alívio cômico do filme, ele é o personagem mais sem graça de todos. As piadinhas são chatinhas e sem humor. Ele é o típico “tio do churrasco” que faz as piadas mais sem graça para a família, além de soar forçado em várias cenas.
Já a Sorrizete e os pais de Gene (Mary e Edson) são os mais legais, na minha opinião. Por ser a mais feliz de todas, Sorrizete é posta como a líder psicopata que deseja loucamente eliminar Gene e seus amigos para evitar que o aplicativo seja apagado. Quanto mais ela se revolta com a situação, mais o seu sorriso aumenta. Já os pais de Gene fazem o público rir justamente pela falta de expressão, seja quando estão em busca do filho ou quando brigam.
Considerações finais
Assim como a maioria das animações, o final traz todos os emojis felizes e dançando ao som de alguma música pop. Emoji – O Filme tem uma premissa interessante, mas não é um longa que o cinema está precisando. O roteiro é redondo, mas apresenta problemas como diálogos de efeito maçantes, personagens que não cativam, além de uma longa lista de propagandas que, talvez, não irá agradar aqueles que pagaram para ver um filme e se depararam com vários merchans. Está claro que Emoji – O Filme é voltado para o público infantil de até uns sete anos de idade, mas se você, jovem e adulto, quiser assistir será por sua conta em risco.
Ficha Técnica
Emoji – O Filme
Direção: Tony Leondis
Elenco de dublagem: T.J Miller, James Corden, Anna Faris, Maya Rudolph, Jennifer Coolidge, Jake. T. Austin, Patrick Stewart, Sofia Vergara, Christina Aguilera, Steven Wright, Thom Bishops e Sean Hayes.
Duração: 1h26min
Nota: 4,5