Depois de três anos de história, amor e muito, mas muito sexo, finalmente a trilogia Cinquenta Tons de Cinza chega ao fim com Cinquenta Tons de Liberdade (Fifty Shades Freed), dirigido por James Foley. Assim como muitos, eu sei que a trama não é a melhor coisa que o cinema já produziu, tem o seu tom brega, um roteiro raso e personagens nenhum pouco complexos, mas vamos ser sinceros? O terceiro filme baseado na obra de E.L James finalmente não é levado a sério, aceita o que ele é e isso faz a história engrenar, se elevar mais que os anteriores e ganhar pontos positivos. Por mais que você não seja fã e não goste de absolutamente nada, o fato é que este longa encerra a história erótica com um pouco de dignidade.
No terceiro e último capítulo, vamos acompanhar os últimos passos do casal mais quente do cinema. Depois de se conhecerem a fundo e se entregar ao amor que um sente pelo outro, Anastasia (Dakota Johnson) e Christian Grey (Jamie Dornan) finalmente se casam e vivem dias de pura paixão. Porém, a lua de mel é interrompida, quando eles recebem ameaças do ex-chefe de Ana, Jack Hyde (Eric Johnson). Com medo de que algo mais grave possa acontecer, Christian não mede esforços e contrata uma segurança reforçada para sua família, especialmente para sua esposa. Mesmo com tanta proteção, eles ainda são atingidos pelo inimigo, resultando em momentos desesperadores. Em meio a tudo isso, Anastasia e Christian ainda passam por situações delicadas que abalam o casamento, como a gravidez surpresa da personagem e o reaparecimento de Elena Lincoln, antiga “namorada” de Grey.
Cinquenta Tons de Liberdade traz de volta tudo o que já vimos nos dois filmes anteriores: um roteiro superficial e pouco desenvolvido, personagens que não apresentam nenhuma surpresa e diálogos rasos e bregas. Tirando isso, o terceiro filme apresenta as cenas mais importantes que contêm no livro (o casamento, a lua de mel, o topless de Ana, a invasão na casa dos Grey, a gravidez e o sequestro), concretizando a sua fidelidade à obra. E acredite se quiser: este é o melhor da trilogia cinematográfica justamente por apresentar uma boa evolução se comparado ao primeiro longa.
Com relação à edição, Cinquenta Tons de Liberdade está bem melhor que o segundo filme, já que não entrega erros de continuidade. As cenas são satisfatoriamente executadas, mesmo que não tenha nada de surpreendente. Inclusive, há mais cenas de sexo, porém, a edição corta bastante, deixando os momentos menos explícitos e mais sensuais.
Ninguém pode negar que a trilha sonora é o ponto forte do filme e, agora, traz músicas de Sia (Deer in Headlights), Dua Lipa (High), Jessie J (I Got You/I Feel Good), Rita Ora e Liam Payne (For You), Hailee Steinfeld (Capital Letters) e Jamie Dornan (Maybe I’m Amazes). Isso mesmo, o protagonista solta a voz no filme e até que não faz feio, apesar de ser meio clichê por tentar causar o efeito da surpresa. No entanto, o único erro da trilha sonora é na cena de perseguição de carro, em que eles colocam uma música mais alegre em um momento que era para ser mais de desespero e angústia. A música escolhida não cai bem na cena o filme perde pontos à toa.
Depois de acompanhar essa história durante três anos, o que dizer do famoso casal que caiu nas graças (ou não) do público? Comparado ao primeiro filme, os personagens evoluíram na performance, especialmente Jamie Dornan que começou bem robótico, endurecido e fechado. Ao se entregar ao amor que tem por Anastasia, Christian Grey se torna um pouco mais maleável, no entanto, ele ainda tem resquícios do homem controlador e dominador. O personagem protagoniza cenas machistas e abusivas com Ana (especialmente com relação à gravidez) e isso pode incomodar o público. Aliás, por mais que alguém seja fã da trilogia, temos que reconhecer que essas ações não são nenhum pouco legais e não devem ser romantizadas.
Diante desse controle, Anastasia finalmente se impõe, bate o pé no chão e mostra que, para que o casamento dar certo, ela não vai aceitar essa condições. Dakota Johnson mostra uma boa evolução de sua personagem e o mais legal é que tanto ela quanto Dornan estão muito mais à vontade nesse terceiro filme, especialmente nas cenas de pura intimidade.
Com relação ao resto do elenco, os demais personagens fazem pequenas participações, como Kate (Eloise Mumford), Elliot (Luke Grimes), Mia (Rita Ora), José (Victor Rasuk), Gia Matteo (Arielle Kebbel), Boyce (Tyler Hoechlin) e Grace Grey (Marcia Gay Harden). Já Elena (Kim Basinger) é apenas citada no filme, enquanto que o pai de Anastasia nem aparece.
De todos esses, os que têm mais destaque são Eric Johnson, justamente por Jack Hyde ser o antagonista e executar as cenas de suspense e o ápice do filme; e Max Martini e Brant Daugherty que interpretam os seguranças Taylor e Sawyer.
Considerações finais
Por não se levar a sério e aceitar o seu tom brega, Cinquenta Tons de Liberdade pode ser considerado o melhor filme da trilogia (acredite!). Tirando o clichê e o roteiro raso, o longa não apresenta erros na edição, continua com um boa trilha sonora, as cenas de sexo são mais sensuais e um pouco menos explícitas e os personagens estão mais evoluídos que no primeiro longa, mostrando uma interpretação um pouco mais superior dos atores. Fiel ao livro, o filme apresenta as cenas mais importantes da história e traz um desfecho digno e o previsível ‘happy end’ dos protagonistas.
OBS: Há uma cena extra que aparece segundos depois de o filme acabar. É bem rápido, por isso não saia correndo do cinema!
Ficha Técnica
Cinquenta Tons de Liberdade
Direção: James Foley
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Eric Johnson, Eloise Mumford, Luke Grimes, Rita Ora, Victor Rasuk, Jennifer Ehle, Arielle Kebbel, Marcia Gay Harden, Max Martini, Brant Daugherty, Tyler Hoechlin, Bruce Altman e Fay Masterson.
Duração: 1h46min
Nota: 6,0