A Guerra dos Sexos (Battle of the Sexes) é mais do que uma partida acirrada de tênis. É uma lição sobre igualdade. Dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, o filme é baseado em um fato histórico ocorrido na famosa Batalha dos Sexos, nome que se dá a partidas amistosas entre tenistas de sexos opostos. A mais famosa destas partidas aconteceu em Astrodome de Hounston, nos Estados Unidos, no dia 20 de setembro de 1973, entre Billie Jean King (Emma Stone) e Bobby Riggs (Steve Carell). A disputa ganhou enormes proporções e estima-se que 90 milhões de pessoas viram esse duelo ao vivo na televisão, em todo o mundo.
O que chama a atenção nesse filme não é só um duelo empolgante e competitivo, mas também um roteiro que apresenta um discurso atual, forte e poderoso sobre igualdade entre os sexos, o machismo e o preconceito. A Guerra dos Sexos tem como trama central a partida de tênis, que se desmembra para conhecermos os protagonistas competidores e suas personalidades, além de abordar assuntos que nos tocam fortemente até hoje, como os direitos de igualdade e a importância do feminismo. Tudo isso permeia pelos pontos de vistas dos personagens e como um enxerga o outro. Enquanto temos King defendendo os direitos da mulher dentro e fora da quadra de tênis, Riggs utiliza o seu discurso machista para se auto vangloriar e debochar das mulheres, usando até mesmo a ridícula frase “lugar de mulher é na cozinha”.
Além de nos dar um bom panorama desse fato histórico no mundo do esporte, o filme constrói satisfatoriamente dois momentos marcantes: a descoberta da sexualidade de Billie Jean King e o início da relação amorosa com Marilyn (Andrea Riseborough); e a grande partida de tênis entre King e Riggs, criando um clímax cheio de tensão que tira o fôlego. No entanto, em determinado momento, o filme dá uma certa estagnada, mas logo retoma as rédeas e reconquista a atenção do público.
A Guerra dos Sexos chama mais a atenção pelas excelentes performances e caracterizações. Emma Stone encarna perfeitamente uma Billie Jean King doce, meiga, forte, defensora dos direitos femininos e determinada quando quer alcançar o seu objetivo. Em vários momentos, ela dá o verdadeiro ‘tapa de mão de luva’ sem ser agressiva e sem utilizar palavras de baixo calão para atacar o seu adversário ou rebater ofensas. A tenista é serena e está com um sorriso no rosto até nos momentos em que luta para entender os seus conflitos internos e aceitar a sua própria sexualidade. Tudo isso pode ser visto pela ótima interpretação de Stone, que dá vida à mulher que se tornou o símbolo da luta contra o machismo no esporte.
Steve Carell também brilha no papel de Bobby Riggs, um homem machista, debochado e intitulado porco chauvinista na frente das câmeras; mas por trás delas, Riggs ganha uma faceta completamente diferente, de um pai carinhoso, bom marido e apaixonado por sua esposa Priscilla (Elizabeth Shue) e que luta contra os seus próprios demônios, às custas de sua família.
Outro personagem que não fica para trás é Jack Kramer, interpretado por Bill Pullman. Por ele ser responsável pelos comentários e a parte financeira dos campeonatos de tênis, Kramer é a representação nua e crua do machismo. É um homem repugnante que rebaixa as mulheres, vangloriando sempre o sexo masculino, sem se importar se a mulher é melhor que o homem em determinado assunto ou esporte. Pra mim, as melhores cenas são quando King e Kramer discutem, pois fica nítida a rivalidade que é imposta, tudo por causa de um pensamento fechado e hostil. É um personagem que faz o público se irritar instantaneamente.
Considerações finais
A Guerra dos Sexos tem como tema central a grande partida entre dois tenistas renomados. Mais do que isso, o filme chama atenção por abordar as diferenças entre os sexos e a luta por sua igualdade e ainda se destaca por excelentes interpretações. Mesmo com pontos altos, o filme dá uma estagnada no meio da história, mas se recupera a tempo de perder a atenção do público. A Guerra dos Sexos é um filme que vale a pena assistir e ser lembrado durante as premiações, principalmente na categoria de melhor ator e atriz.
Ficha Técnica
A Guerra dos Sexos
Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris
Elenco: Emma Stone, Steve Carell, Bill Pulman, Andrea Riseborough, Sarah Silverman, Alan Cumming, Elizabeth Shue, Austin Stowell, Natalie Morales, Eric Christian Olsen, Martha Maclsaac, Lewis Pullman, Tom Kenny e Fred Armisen.
Duração: 2h01min
Nota: 8,0