Missão: Impossível – Efeito Fallout (Mission Impossible – Fallout) chega para consolidar de vez uma das melhores franquias de ação do cinema. Utilizando a mesma fórmula dos longas anteriores, Fallout acerta no ritmo, apresenta uma trama que engrandece ao longo de 2 horas e 30 minutos de duração, traz cenas eletrizantes, ótimos efeitos, um protagonista maduro e ainda mais ousado nas atitudes, adaptando-se a cada filme e um time de personagens cuja parceira e química é simplesmente perfeita.
Dirigido por Christopher McQuarrie, Efeito Fallout se passa dois anos após e dá continuidade os eventos vistos em Missão Impossível: Nação Secreta. Com o IMF (Impossible Missions Force ou Força Missão Impossível) consolidada pela CIA, Ethan Hunt (Tom Cruise) entra em campo novamente por causa de um antigo inimigo: Solomon Lane (Sean Harris). Ele e os chamados “Apóstolos” querem dar continuidade ao objetivo de dizimar a nação para alcançar a paz mundial. Para isso, eles precisam por as mãos no plutônio, elemento fundamental para criar a bomba nuclear perfeita. Para realizar esta nova missão, Ethan se junta novamente a Benji Dunn (Simon Pegg) e Luther Stickell (Ving Rhames), mas um terceiro integrante aparece no jogo: o agente August Walker (Henry Cavill), um dos contratados da CIA e conhecido por utilizar métodos radicais para eliminar obstáculos. Agora, os quatro precisam seguir pistas que levam aos apóstolos, ao plutônio e a todos os envolvidos para, finalmente, por um fim em Solomon Lane.
Em time que está ganhando não se mexe, certo? É exatamente isso que Missão Impossível vem fazendo desde o terceiro filme. Desta vez, Efeito Fallout fortifica ainda mais a trama base, acrescentando bons elementos e toques inusitantes e especiais. Na estrutura narrativa, a fórmula é a mesma: uma missão praticamente mortal; agentes impetuosos, inteligentes e sagazes; utilização de cenários fakes que servem de armadilha; cenas icônicas de tirar o fôlego; a tradicional cena das máscaras; a famosa música composta por Lalo Schifrin que não sai da nossa cabeça; e um plot twist que impressiona. Vemos tudo isso e um pouco mais e esta é a razão de Fallout ser um ótimo filme.
Assim que a missão começa a ser destrinchada, o público acompanha uma narrativa que oscila entre a calmaria e os picos de adrenalina. Falando assim, parece algo ruim, não é? Muito pelo contrário, Missão Impossível 6 acerta ao equilibrar bem os dois ritmos, além de entregar muita ação que faz o espectador ficar elétrico e apreensivo na cadeira. Como exemplo, há três excelentes sequências de pura adrenalina: a cena do banheiro; uma perseguição de carro rodado em Paris; e a cena do helicóptero que, por sinal, deixa o público com os olhos vidrados o tempo todo. Uma das melhores cenas do filme e a minha favorita, pois tudo acontece ao mesmo tempo, criando uma atmosfera de tensão, sufoco e medo.
Diferente de Protocolo Fantasma (um dos meus filmes favoritos da franquia) – que dá mais espaço para cenas extrovertidas – Efeito Fallout entrega um alívio cômico mais comedido e uma alta concentração de suspense e espionagem. Como disse, a franquia tem sempre uma reviravolta e, desta vez, não seria diferente. No entanto, o plot twist torna-se um pouco previsível, pois há pistas que o espectador pode captar no decorrer do filme (se estiver prestando bem a atenção), mas talvez essa jogada tenha sido proposital e, mesmo assim, a reviravolta é engrandecedora e surpreendente.
A evolução de Ethan Hunt
Não dá pra negar que Ethan Hunt é um ícone do cinema quando o assunto é ação, adrenalina e espionagem. É incrível ver tamanha evolução do personagem ao longo de 22 anos (ele apareceu pela primeira vez em 1996) e a destreza do agente ao se deparar com missões praticamente suicidas, mas que para ele é como se fosse apenas uma fase de videogame que ele precisasse passar. A cada filme, temos um risco maior e uma ousadia mais afiada de Hunt. É até normal pensar em como é possível ele passar por tudo isso e nada de pior acontecer. Aliás, muita coisa acontece desde prisões, sequestros, lutas e bombas até troca de tiros, perseguições de carro e escaladas em prédios, e ainda assim ele se supera a cada desafio, ultrapassando os limites de sua coragem. E todos esses elementos e a caracterização dessa destreza são muitíssimos bem interpretados por Tom Cruise, que já se consolidou e é um dos mais cotados para viver personagens dentro desse gênero cinematográfico.
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Em Efeito Fallout, Cruise chega ao topo da sua carreira, entregando uma de suas melhores performances dentro da franquia. Aliás, o ator é conhecido por fazer cenas radicais sem utilizar dublês e há uma cena maravilhosa neste filme que prova o quanto o ator é excelente no que faz.
Outros agentes
Desta vez, a franquia ganha o reforço de Henry Cavill que, junto com Cruise, domina praticamente o filme todo. O agente Walker tem uma presença forte na trama e a parceira com Hunt entrega um saldo positivo ao final. Uma de suas cenas icônicas, sem dúvida, é a do banheiro e não se preocupe, pois não é spoiler uma vez que o próprio trailer já traz uma prévia. Uma coisa que tenho que ressaltar aqui são os diálogos, especialmente deste personagem, que são frases únicas, bem simples e soltas, que não trazem nada muito relevante ao agente. Apenas as cenas de ação falam mais alto para Cavill.
Outro personagem da franquia que cresce bastante é Benji Dunn, interpretado por Simon Pegg, Pra quem começou apenas como um simples hacker, Pegg tem uma crescimento surpreendente e o reconhecimento vem no sexto filme, em que Benji entra em campo ao lado de Hunt e não fica apenas atrás de um computador. Quem também entrega uma excelente parceira é Ving Rhames. Aliás, o trio Cruise, Pegg e Rhames é simplesmente formidável.
Pela segunda vez, Rebecca Ferguson está em Missão Impossível e tenho que confessar que no começo não curti muito sua personagem em Nação Secreta. Porém, em Efeito Fallout, Ferguson entrega mais uma vez a agente Ilsa Faust enigmática, misteriosa com suas tarefas, mas que logo o filme entrega boas respostas sobre os seus motivos de estar nessa missão. A química dela com Tom Cruise é boa também, além de representar a ótima força feminina no quesito ação e adrenalina. Não tem como não ficar eufórico em suas cenas eletrizantes e inteligentes.
Com relação aos demais personagens, temos boas participações especiais no filme, como a de Vanessa Kirby que também entrega uma personagem misteriosa, além de um requinte de finesse que dá gosto de ver na tela; Angela Bassett e Michelle Monaghan são a agente Angela e Julia (antigo amor de Ethan) e elas entregam participações pontuais que funcionam. Por fim, temos novamente a presença de Alec Baldwin que também é boa e contribui em cenas cruciais.
Considerações finais
O sexto filme Missão Impossível – Efeito Fallout traz a mesma fórmula e acerta de forma magnífica na história, em cenas icônicas, na parceria envolvente dos personagens, no tom eletrizante da ação, na ótima reviravolta e em um desfecho plausível, bom e adequado. Todo o conjunto oficializa Missão Impossível com uma das melhores franquias de espionagem e ação do cinema.
PS: Caso você não tenha assistido todos os filmes, sugiro que assista pelo menos o quinto filme (Nação Secreta) para entender melhor o contexto de Efeito Fallout.
Ficha Técnica
Missão Impossível – Efeito Fallout
Direção: Christopher McQuarrie
Elenco: Tom Cruise, Henry Cavill, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Ving Rhames, Angela Bassett, Alec Baldwin, Michelle Monaghan, Sean Harris, Vanessa Kirby, Frederick Schmidt, Wes Bentley, Kristoffer Joner e Caspar Phillipson.
Duração: 2h28min
Nota: 9,7
Fotos: IMDB