Mais uma temporada da nossa novela médica chega ao fim e o que eu posso dizer é que o saldo de Grey’s Anatomy é mediano com poucos picos de audiência. Já que Shonda Rhimes deu uma afastada das séries da ABC por conta do seu contrato com a Netflix, nota-se claramente uma mudança meio bagunçada no roteiro e a mão ‘torta’ da showrunner Krista Vernoff. O que estou querendo dizer é que a 14ª temporada apresentou arcos que tinham grandes potenciais, especialmente para conversar com o público e a nova geração, mas não souberam aproveitar bem as tramas, finalizando as histórias com soluções rápidas, fáceis e sem graça alguma.
Primeiras impressões da 14ª temporada de Grey’s Anatomy
Primeiras impressões de Station 19
Escândalo desenterrado
Quem acompanhou a temporada, viu que Jackson iniciou um concurso patrocinado do seu próprio bolso a fim de ter a chance de ganhar algum prêmio, uma vez que ele mesmo não pode ganhar o Harper Avery por fazer parte da família. O plot do concurso junto com o plot dos médicos sob efeito da maconha é um dos momentos mais divertidos, mas o que torna esse arco ainda melhor é o escândalo envolvendo o fundador da Harper Avery, o avô de Jackson. Durante o concurso, foi revelado que várias médicas foram assediadas pelo fundador, inclusive Maria Cerone, a mesma que ‘rouba’ a ideia de Meredith de criar mini fígados. Com o grande escândalo, Grey’s Anatomy traz com força questões como assédio, estupro, o direito da mulher e eu achei isso sensacional! No entanto, acreditei que a série fosse aprofundar um pouco mais no assunto, trazendo uma tensão ainda maior para o hospital. A resolução foi acabar com a Harper Avery e criar uma nova fundação no nome de Catherine, mãe do Jackson. A ideia é boa e até emociona, mas a solução vem muito rápida sem aproveitar a temática como mais intensidade.
Casais que vem e vão
Quando o assunto é amor, não existem casais ‘felizes para sempre’ em Grey’s Anatomy e, sinceramente, eu não entendo a razão de separarem duas pessoas quando eles estão no auge da paixão. Isso sem contar na formação dos pares românticos que não combinam. Esse é um dos pontos que mais me irritou nessa temporada. Infelizmente a série levou pra frente o romance de Jackson e Maggie, uma união forçada desde a temporada passada. Mesmo não curtindo muito, até que o casal está OK na trama e Maggie está menos chata. Espero que criem bons arcos para o casal e sem muito drama que possa irritar.
Outro casal que eu estava gostando de acompanhar é o Dr. DeLuca com a Dra.Bello. Eu achava os dois engraçados, fofos e com a paixão pegando fogo. Mas como a atriz pediu para sair da série, eles tiveram que colocar um ponto final no romance. Para escapar de ser mandada de volta para o seu país, Dra. Bello engana o FBI e foge para Dinamarca para trabalhar ao lado de Cristina Yang. Já DeLuca fica ‘deprê’ por conta da separação forçada. Espero que ele encontre alguém na próxima temporada.
Outro par que fica a desejar é Carina e Arizona. A relação não vai além, ficando apenas nos beijos e amassos. Achei que a irmã de DeLuca teria algum plot mais forte ao lado de Arizona, mas a personagem fica completamente esquecida nessa temporada.
Adoção
Com o vai e vem de casamento, romance, separação e decepção, Owen Hunt finalmente toma uma atitude e realiza o sonho de ser pai. Por mais que a adoção tenha sido fácil demais (a gente sabe o quão difícil é adotar uma criança, né?), gostei de ver o personagem crescer, após uma série de decepções com ele. Mas pelo visto, a vida dele vai dar aquela bagunçada por dois motivos: mesmo separados, ele está morando com Amelia que, por sinal, resolveu cuidar da mãe adolescente do bebê. Isso acontece, pois Amelia descobre que a garota é usuária de drogas e tem um passado parecido com o dela. O segundo e grande motivo é que nossa querida Dra. Teddy Altman vai retornar ao Grey Sloan e tudo indica que ela está esperando um filho de Owen. E agora? Será que vamos ter um triângulo amoroso na próxima temporada? Confesso que esse arco tá bem bagunçado e gostaria que a série caminhasse melhor esses personagens na próxima temporada.
A quase morte de April
Um dos episódios que deixou os fãs mais alarmados é quando April Kepner sofre um acidente de carro, caindo ribanceira abaixo. O grande problema desse acidente é que ela fica congelada por ter ficado horas dentro da água. Vocês se lembram de algo semelhante? Isso mesmo, o acidente da April é parecido com o de Meredith, quando ela cai no rio e fica congelada na 4ª temporada, deixando todos do hospital desesperados. As promos e divulgações levaram a crer que a série mataria a personagem e eu fiquei com muito medo disso acontecer. Na cena em que Jackson conversa e desabafa com April desacordada é um dos momentos mais emocionantes e bonitos. Porém, a série novamente erra a mão ao trazer a personagem de volta como se nada tivesse acontecido. Pra completar, eles ainda revelam que April e Matthew estão juntos, como se o público já soubesse disso. A emoção e o medo de perder April torna o episódio muito bom, mas a resolução desse drama diminui muito a graça e a tensão que o episódio teve o trabalho de criar.
O adeus de Arizona e April
Quem acompanha as notícias sabe que as atrizes Jessica Capshaw e Sarah Drew saíram por decisão dos responsáveis da série. Com a saída repentina, os roteiristas precisavam dar um final, no mínimo, digno para as duas maiores personagens que estão há anos em Grey’s Anatomy. Posso dizer que fiquei satisfeita com o desfecho de ambas. Mesmo com altos e baixos, a série soube trabalhar bem com o arco de April, desafiando sua fé e deixando a personagem confusa, desacreditada e perdida em vários momentos. Mas o acidente e o romance com Matthew fazem April voltar aos eixos. Após preparar o casamento de Jo e Alex, April oficializa sua união com Matthew e avisa que vai sair do hospital para trabalhar como voluntária em comunidades carentes de ajuda médica.
Arizona também não fica para trás e tem um desfecho bom e vantajoso para sua carreira. A médica decide se mudar para Nova York para ficar perto da filha. Além disso, quem retorna para sua vida é a Dra. Nicole Herman (Geena Davis), que oferece um trabalho promissor na área de cirurgia fetal. Para dar um toque especial, a série indica que Callie está bastante interessada com a chegada de Arizona em NY. Pelo visto, as duas vão voltar também. Quem sabe alguém comenta sobre isso na próxima temporada.
Finalmente casados
Finalmente Jo e Alex se casam e a cerimônia torna a season finale de Grey’s Anatomy leve, divertida e bem despretensiosa. Mas tenho que falar que as histórias dos personagens ficam a desejar nessa temporada. Pra começar, finalmente temos o tão aguardado encontro de Jo com o seu ex-marido Paul, interpretado por Matthew Morrison (Glee). Descrito como um verdadeiro monstro acreditei que a chegada do médico fosse deixar Jo enlouquecida e o hospital de cabeça para baixo. Mas nada disso acontece. Após uma briga e um grave acidente de carro, Paul morre e Jo doa seus órgãos, livrando-se do ‘encosto’ para sempre. Falando assim, parece que a cena é forte e intensa, mas é simplesmente banal. Não gostei e achei que o arco muito promissor foi mal aproveitado. Uma pena.
Já Alex foi esquecido quase a temporada toda. Os únicos momentos que ele ganha destaque é quando precisa salvar uma garota com câncer que sonha em cantar; e um menino com AVC. Além disso, a série entrega o plot em que Alex reencontra sua mãe, tornando o momento completamente esquecível.
Outros pontos positivos da temporada
– O infarto de Miranda Bailey é o ápice da 14ª temporada;
– O episódio que trata sobre racismo é excelente;
– O beijo de Meredith e DeLuca no último episódio é engraçado;
– O episódio sobre a invasão dos hackers no sistema do hospital é muito bom.
Pontos que gostaria de ver na próxima temporada
– Um desenvolvimento melhor para Owen, Amelia e Teddy;
– Um novo e forte amor para Meredith;
– DeLuca novamente apaixonado;
– Um desenvolvimento melhor dos internos, pois o grupo tem potencial para arcos mais dramáticos;
– Arcos mais fortes para Miranda e Richard.
E vocês? O que acharam da 14ª temporada de Grey’s Anatomy?
Nota: 6,9
Fotos: IMDB